EUA formalizam aval para indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada em Washington

Diplomatas brasileiros acreditam que o fato pode facilitar as relações do Brasil na Casa Branca em razão de o deputado ser filho do presidente, mas ainda são cautelosos nos prognósticos sobre o que Eduardo poderá trazer na prática de benefícios ao país

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Eduardo ainda passará por sabatina na Comissão de Relações Exteriores no Senado, onde precisará ter ter a maioria dos 81 votos no plenário
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Governo brasileiro foi informado nesta quinta-feira (8) que os Estados Unidos deram aval para a indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como embaixador em Washington.

O Itamaraty enviou documento consultando o Departamento de Estado americano sobre a indicação no fim de julho. O retorno positivo ao Brasil veio após cerca de duas semanas. 

O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi informado do aval americano e agora o presidente Jair Bolsonaro deve fazer a indicação formal do filho mais novo para o posto.

O nome de Eduardo ainda vai ser submetido à aprovação do Senado. Ele será sabatinado na Comissão de Relações Exteriores da Casa e depois precisa ter a maioria dos 81 votos dos senadores no plenário.

Historicamente, a consulta do Itamaraty era tratada de maneira sigilosa entre os governos para evitar qualquer constrangimento caso o indicado fosse recusado por determinado país.

No caso de Eduardo, porém, Bolsonaro falou publicamente sobre a intenção de indicar o filho à embaixada nos EUA antes mesmo de enviar a consulta ao governo de Donald Trump.

Na semana passada, o presidente americano elogiou a indicação de Eduardo como embaixador em Washington e disse que não considerava o movimento nepotismo, como alegam opositores de Bolsonaro.

"Conheço o filho dele, acho o filho dele fantástico, um grande jovem. Estou muito feliz por ele ter sido indicado, espero que seja nomeado. Eu conheço o filho dele e é provavelmente por isso que ele foi indicado. Ele é fantástico, estou muito feliz", afirmou Trump em coletiva no jardim da Casa Branca. O presidente americano tem a filha Ivanka e o genro Jared Kushner em cargos do primeiro escalão do governo.

Eduardo acompanhou Bolsonaro na viagem que o presidente brasileiro fez a Washington, em março, e atuou como uma espécie de chanceler informal já naquela ocasião.
Participou da reunião bilateral entre os dois líderes na qual o chanceler de fato, Ernesto, não esteve presente, e recebeu elogios públicos de Trump.

Diplomatas brasileiros acreditam que a indicação de Eduardo pode facilitar as relações do Brasil na Casa Branca em razão de o deputado ser filho do presidente, mas ainda são cautelosos nos prognósticos sobre o que o novo embaixador poderá trazer na prática de benefícios ao país.

Eles ponderam que o primeiro ano de Eduardo como embaixador será marcado pela campanha à reeleição de Trump e, consequentemente, focado nos interesses eleitorais do americano, que não incluem necessariamente prioridades em relação ao Brasil.

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