'Ele faltou com a verdade, e utilizando evento político para isso', diz André Costa sobre Theophilo

Secretário nacional de Segurança rebateu declaração de que Maracanaú não será mais uma das cinco cidades escolhidas para implantação do Plano Nacional de Enfrentamento aos Crimes Violentos por falta de apoio do Governo do Estado

Escrito por Miguel Martins ,
Legenda: André Costa faz questionamentos ao Plano Nacional do Governo Federal.
Foto: Foto: Rodrigo Gadelha

Declaração do secretário nacional de Segurança Pública, General Theophilo, de que Maracanaú não será mais uma das cinco cidades escolhidas para implantação do Plano Nacional de Enfrentamento aos Crimes Violentos por falta de apoio do governador Camilo Santana (PT), converteu-se em rota de colisão entre o Governo Federal e o Governo do Estado neste sábado (30). Ao Diário do Nordeste, o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, André Costa, rebateu as falas de Theophilo e disse que o representante do Governo Federal "faltou com a verdade". Para ele, os critérios utilizados para a escolha de Maracanaú não foram técnicos. 

“Eu lamento o comportamento do General. Essas declarações que ele fez não são verdadeiras, ele faltou com a verdade, e utilizando um evento político para isso”, disparou o secretário de Segurança, em referência ao que o secretário nacional de Segurança disse, em entrevista, no I Congresso Estadual do MBL. Ele também reclamou que Theophilo não veio participar do evento que anunciou Maracanaú como eventual beneficiário do programa, enviando o secretário-adjunto, Brigadeiro Riomar.  

O gestor da Segurança no Ceará afirmou também que, na ocasião, o secretário-adjunto foi recebido por toda a cúpula da Segurança Pública do Estado, e que, apesar de ter feito críticas à não apresentação de um estudo base para a escolha de Maracanaú, deixou claro que “tudo o que viesse para ajudar a Segurança, o Governo apoiaria. Foi afirmado na reunião que a gente prestaria apoio integral em toda e qualquer ajuda do Governo Federal a qualquer cidade do Estado”. 

“Por que a escolha de Maracanaú? Não foi uma escolha técnica, porque não apresentou dados das cidades do Nordeste para justificar a escolha de Maracanaú. O que eles apresentaram foi algo muito genérico, e para nós é muito estranho isso”, disse André Costa.  

O secretário de Segurança do Estado também questionou o Plano Nacional do Governo Federal. Segundo ele, o programa de R$ 200 milhões para cinco cidades conseguirá trazer melhorias para esses municípios. No entanto, haverá dificuldade para implantá-lo nos mais de 5 mil municípios de todo o País. “A gente acha que poderia ter outro direcionamento dos recursos. A lógica dele é de municípios, mas aqui no Ceará, a nossa lógica é de comunidade”.  

Para André Costa, General Theophilo ainda não se recuperou da derrota que sofreu nas eleições do ano passado, e ainda estaria “vivendo a campanha”. “A gente tem que ver que a eleição passou, ele foi derrotado e continua vivendo a campanha. Para nós, a campanha está superada. A Segurança Pública é uma área muito séria, a gente trabalha sem envolvimento político. Vai levando de forma técnica”. 

"Nunca tramitou nenhum documento oficial.  Só tivemos apresentação de powerpoint. Para nós foi uma reunião, não havia nenhum compromisso, nenhum processo tramitando. Por que Maracanaú e não outro Município do Ceará ou do Nordeste? Tanto que de repente muda para outra cidade, sem razão. A escolha não é técnica. Não posso dizer que seja política”

O Plano Nacional de Enfrentamento aos Crimes Violentos é um projeto piloto que escolheu cinco municípios em todo o Brasil para implantar políticas públicas de segurança pública. No Nordeste, Maracanaú foi a primeira opção. A proposta será apresentada, oficialmente, na próxima quinta-feira (4), ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).

No lugar de Maracanaú, o Município escolhido na região Nordeste foi Paulista, em Pernambuco. As atividades concretas do Plano terão início no mês de junho.

Violência

Ao Diário do Nordeste, General Theophilo também ressaltou que, durante os dois meses em que a Força Nacional esteve no Estado, os índices de violência declinaram em até 50%. No entanto, ele reclamou que não houve reconhecimento sobre o trabalho do Governo Federal. 

Ainda segundo Theophilo, diferentemente do que políticos locais disseram ao longo de 2018, pelo menos R$ 1,8 milhão foram repassados do Governo Temer para a Segurança Pública estadual, sendo que somente R$ 68 mil teriam sido aplicados pelo Governo do Estado.  

Sobre tais falas do secretário nacional de Segurança Pública, André Costa afirmou que vai oficiar a Secretária Nacional de Segurança Pública para que ela explique que repasses foram esses. 

Ele ainda rebateu falas do General Theophilo quanto ao trabalho da Força Nacional durante a crise na Segurança Pública, no início deste ano. Segundo disse, o Ceará vem reduzindo os índices de criminalidade há um ano, e o de roubos há, pelo menos, 22 meses. De acordo com André Costa, os números de março também mostrarão que, mesmo sem o apoio da Força Nacional, o Estado segue reduzindo os números de homicídios. “Não atribuímos que a redução foi exclusivamente por conta da vinda da Força Nacional”. 

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