Dnocs acumula gargalos à espera de investimentos do futuro governo

Com carência de pessoal e risco de corrupção, conforme o TCU, o órgão federal mais antigo com atuação no Nordeste alimenta perspectivas quanto à gestão do presidente eleito Jair Bolsonaro

Escrito por Miguel Martins ,

Instituição federal mais antiga com atuação no Nordeste, o Departamento de Obras Contra as Secas (Dnocs) vive, ao fim de 2018, sob questionamentos e perspectivas. Apontado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como um dos órgãos federais com maior risco de fraudes e corrupção no Brasil, busca investir em transparência, ao passo que, diante de incertezas, passa por momento de expectativa com a formação do Governo Jair Bolsonaro. Apesar de ter sido relegado a segundo plano nos últimos anos, a tendência, de acordo com interlocutores da autarquia centenária, é de que seja revitalizada e cumpra papel crucial para o desenvolvimento da região em 2019.  

Os desafios, porém, são muitos: já no próximo ano, de acordo com o atual diretor-geral do órgão, Ângelo Guerra, pelo menos 70% dos funcionários do Dnocs estarão aptos para aposentadoria e, portanto, seria necessária uma nova recomposição do quadro de servidores. A necessidade atual da autarquia é de pessoal tanto da área técnica quanto da área administrativa. 

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Atualmente, segundo o diretor-geral, o Dnocs possui cerca de 1.280 servidores trabalhando em nove coordenadorias. Essa quantidade, conforme Guerra, está aquém do necessário para a instituição, que já teve mais de 15 mil funcionários. Para ele, o ideal seria o dobro do atual quadro de pessoal. 

Remanejamento  

“Ainda temos açudes para construir, a Transposição (das águas) do São Francisco, sistema de distribuição de água, perfuração de poços a serem feitas. Tem a piscicultura, que precisa continuar se desenvolvendo. Todas essas ações precisam ser prioridade do novo Governo para que o Dnocs ajude o Nordeste a se desenvolver”, lista o diretor-geral da instituição.  

Ângelo Guerra informou ao Diário do Nordeste que já solicitou o remanejamento de profissionais de outros órgãos, mas, até o momento, não obteve resposta do Ministério da Integração Nacional. De acordo com ele, apesar do sucateamento do Dnocs, há uma sinalização de que a gestão do novo Ministério do Desenvolvimento Regional tenha interesse na requalificação do Departamento.  

Principal interlocutor do futuro Governo Bolsonaro no Ceará, o deputado federal eleito Heitor Freire (PSL) destaca que o órgão possui “conhecimento considerável” sobre a situação do Nordeste e que, por isso, é de fundamental importância para a próxima gestão. “Ninguém vai jogar o Dnocs fora. Neste momento, ele está sendo subutilizado e vai ser revitalizado”, afirmou. 

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