Conheça o cearense que criou símbolo de campanha contra Bolsonaro

O estudante universitário Militão Queiroz queria demonstrar a "resistência da comunidade LGBTQ" contra o candidato

Escrito por Redação ,

Natural de Iracema, mas morador de Limoeiro do Norte desde os seis anos de idade, Militão Queiroz é o artista por traz da ilustração que tomou as redes sociais como símbolo da campanha contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). "Eu fiz o 'elenão' em um céu escuro, onde as estrelas representam cada um de nós e o 'não' com as cores da nossa bandeira (LGBTQ), para mostrar que não estamos sós", declarou o estudante de Letras-Inglês da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

A ideia surgiu ao ser informado que mulheres que também se opõem ao candidato iriam fazer uma manifestação virtual, postando a hashtag #EleNão em suas redes sociais. Ele - que começou a ilustrar em 2008, nos tempos do Orkut - afirmou que "no mesmo instante, veio essa ideia de criar uma arte que mostrasse a resistência da comunidade LGBTQ". O artista cita como influências Jay Roeder e Aline Albino, que também trabalham com "handwritting", forma de ilustração centrada na caligrafia.

Queiroz postou a imagem nas redes sociais no dia 13, mas foi no dia 16 que percebeu as dimensão que tinha tomado. "Alguns amigos me mandaram mensagens falando que muitas pessoas, inclusive famosos, estavam postando a arte", conta. A imagem chegou às redes sociais de nomes como Daniela Mercury, Fernanda Lima, Pablo Vittar e Manuela d'Ávila (PCdoB).

Na terça-feira, 25, a cantora Maria Gadú utilizou uma camiseta com a imagem estampada em uma premiação. "Eu fiquei muito surpreso. Foi a primeira vez que isso me aconteceu. Naquele momento, ninguém sabia de quem era a arte, apenas gostaram e postaram", diz. "Saber que minha arte foi recebida de maneira valiosa por artistas, que pessoas que se preocuparam em procurar saber quem eu era, amigos, fui muito gratificante", completa.

Sobre Bolsonaro, Militão diz ter motivos pessoais para temer. Homossexual, ele declara temer pelas minorias. "Eu vejo os comentários dos simpatizantes desse que eu prefiro chamar de 'ele', e são comentários cheios de ódio e violência. Eu tenho medo que alguma coisa aconteça comigo, mas não posso me calar. Esse grito é sobre existir e sobreviver", diz.

O estudante assegura que nunca sofreu uma abordagem violenta, mas o caso de Dandara dos Santos, travesti linchada e morta no bairro do Bom Jardim, em Fortaleza, no ano passado, sob xingamentos transfóbicos de seus algozes, gerou apreensão. "Eu vi que essa violência está mais próxima do que imaginamos", declara. O artista declara que não enxerga em Bolsonaro nenhuma preocupação com pautas como essa ou de outras minorias, como mulheres e negros. "Não podemos ter um líder que traz no seu discurso a violência, o desrespeito e a intolerância. Para mim, e para muitos, é uma questão de sobrevivência", defende.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.