Confira como os políticos reagiram à polêmica fala de Bolsonaro sobre o Nordeste

Governadores da região repudiaram a declaração; filho do presidente culpou jornalistas

Escrito por Redação ,

A fala de Jair Bolsonaro (PSL) ao ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, na manhã de ontem, se referindo ao Nordeste como “Paraíba” e dando sinais de boicote ao governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB),  provocou controvérsia no cenário político nacional, em especial na região à qual o presidente se referiu de forma pejorativa.

Flávio Dino afirmou que críticas de Bolsonaro provocam efeito oposto ao pretendido. “A cabeça dele é movida pelo confronto, e o coração, infelizmente, está possuído de ódios. Só sei que sou o pior dos gestores na visão dele, o que para mim é uma honraria”, disse. 

Neste sábado, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB),  usou sua conta no twitter  para publicar a “carta dos governadores”, nota coletiva de repúdio, acompanhada de texto pessoal em tom crítico. “Não ao preconceito ao Nordeste e ao nosso povo. Respeito, Federação e Democracia são conceitos amplos, que não combinam com visão pequena, mesquinha”, escreveu. 

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), também se manifestou. “Aproveitando o sábado para lembrar a honra e orgulho que tenho de ter sido eleito duas vezes governador do meu estado e de pertencer a esta região de gente séria e trabalhadora”. A frase foi acompanhada pela hashtag #OrgulhoDoNordeste, uma das mais replicadas nas redes sociais no final de semana. 

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) usou do tom sarcástico para atacar Bolsonaro, criticando também outras falas do presidente registradas nos últimos dias, fazendo referência à personagem conhecida pelas declarações pouco inteligentes. “Cala a boca ‘Magda das milícias’!  ‘não existe fome no Brasil’, ‘vai privilegiar o filho’, chama de ‘Paraíba’ toda uma região com mais 30 milhões de habitantes, ataca um dos melhores governadores e, irresponsavelmente, determina perseguição ao povo de um Estado...”, escreveu no twitter. 

Porém, para o presidente e seu filho Carlos Bolsonaro (PSL), que divide a rotina entre a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e o ativismo de rede social em defesa do Governo do pai, o problema não foram as declarações, e sim a atuação dos jornalistas, que teriam explorado a fala fora de um suposto contexto. “Por que o Presidente insiste no tal café da manhã semanal com ‘jornalistas’? Absolutamente tudo que diz é tirado do contexto para prejudicá-lo. Sei exatamente o que acontece e por quem, mas não posso falar nada porque senão é ‘fogo amigo’. Então tá, né?! O sistema não parará!”, escreveu Carlos. 

Jair Bolsonaro seguiu o mesmo tom. “Não adianta a imprensa me pintar como seu inimigo. Nenhum presidente recebeu tanto jornalista no Planalto quanto eu, mesmo que só tenham usado dessa boa vontade para distorcer minhas palavras, mudar e agir de má fé ao invés de reproduzir a realidade dos fatos”, afirmou, para em seguida voltar a alimentar rusgas com o Partido dos Trabalhadores. “Sempre defendi liberdade de imprensa, mesmo consciente do papel político-ideológico atual de sua maior parte, contrário aos interesses dos brasileiros, que contamina a informação e gera desinformação. No fundo, morrem de saudades do PT”, tuitou.

O ex-candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad (PT), que foi mais bem votado no Nordeste do que Bolsonaro, também reagiu. "Minha total solidariedade aos governadores do Nordeste, chamados de paraíbas pelo Bolsonaro em tom de deboche. Vocês são os melhores e orgulham a Nação pelo trabalho e respeito ao povo. Viva a Paraíba, viva o Nordeste!".

Já o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) usou a hashtag em sua postagem. "Que move Bolsonaro? Ódio, farsa, preconceito, fanatismo. Em 24h, atacou nordestinos, tripudiou dos brasileiros que passam fome, defendeu a censura, incentivou a violência ao mentir sobre Miriam Leitão. A democracia brasileira nunca teve presidente tão abjeto. #OrgulhoDoNordeste".

No Ceará, o deputado estadual André Fernandes (PSL) também se manifestou. "Grande 'crime' o Bolsonaro cometeu ao chamar o Nordeste de Paraíba, onde pra muitos isso foi xenofobia. Bom mesmo era quando o cachaceiro dizia que comprava os nossos votos do nordeste por 10 reais. Me orgulho de ser nordestino, mas me envergonho por muitos BABACAS daqui", tuitou.

Em outra postagem, o apoiador de Bolsonado fez comparações com frases polêmicas de políticos da oposição. "No Ceará, Luizianne Lins do PT disse que elegia até um poste com a luz apagada. Ciro Gomes disse que o SUL tinha um discurso nazista muito forte. Lula disse que comprava voto dos baianos por 10 reais. Mas xenofóbico mesmo é o Bolsonaro que chamou o nordeste de Paraíba", escreveu.

Já o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) usou a crise na segurança pública do Ceará no início do ano para refutar acusações de preconceito do Governo Federal contra a região. 

"Um testemunho: Em janeiro, na crise de segurança do Ceará, o PR @jairbolsonaro , primeira semana de governo, não hesitou em autorizar o envio da Força nacional e da Força de intervenção penitenciária e em disponibilizar vagas em presídios federais para as lideranças criminosas", tuitou Moro, acrescentando, em seguinda, uma conclusão. "Resultado, em conjunto com o Governo Estadual, mesmo sendo o Governador do PT, a crise foi controlada em semanas. Nada mais do que a obrigação. Mas ilustra que o Nordeste tem sido tratado sem preconceito pelo Governo Federal. Afirmações diferentes não resistem aos fatos".

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), disse neste domingo (21) que, passadas as eleições, é preciso "governar para todos, deixando para trás as diferenças". A publicação em sua página no Facebook foi feita em meio à fala polêmica do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em referência ao Nordeste.

"Ajudarei sempre que possível, e criticarei e lutarei contra tudo o que considero injusto e que prejudique a população, sobretudo a que mais precisa. O Nordeste está unido e o Brasil precisa se unir, mais do que nunca. Chega de ódio e intolerância", escreveu o governador cearense no Facebook.

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