Câmara: Ala 'bivarista' do PSL quer tirar Eduardo Bolsonaro da Comissão de Relações Exteriores

Além da comissão presidida por Eduardo, o PSL também comanda outras duas comissões: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com Fernando Francischini (PSL-PR), e da Fiscalização, com Léo Motta (PSL-MG)

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Eduardo Bolsonaro
Foto: Agência Brasil

A disputa pelo controle do PSL pode levar o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a perder o comando da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, considerada essencial para alavancar sua "candidatura" de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Isso porque parlamentares ligados ao presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), cobram a retirada de cargos dos deputados que ameaçam deixar o partido.

Nesta quarta, dia 9, a deputada Alê Silva (PSL-MG), que faz parte do grupo dissidente, perdeu a vaga que tinha na Comissão de Tributação e Finanças. Ela vinha fazendo críticas públicas à legenda.

A retirada de cargos dos deputados na Câmara foi discutida em reunião da bancada na noite de quarta. Em declaração ao site G1, o deputado Junior Bozella (PSL-SP), da ala "bivarista", defendeu a punição. "O partido é sério, é uma instituição e tem regra. Então, aquele que descumprir e atacar a imagem da instituição, automaticamente sofrerá algum tipo de punição, com certeza", disse.

A declaração foi criticada por Eduardo Bolsonaro, que foi ao Twitter dizer que o deputado fala "merda". O filho do presidente comanda o Diretório Estadual do PSL em São Paulo. Ele substituiu Bozella, que entrou em atrito com o grupo ligado a Bolsonaro.

Além da comissão presidida por Eduardo, o PSL também comanda outras duas comissões: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com Fernando Francischini (PSL-PR), e da Fiscalização, com Léo Motta (PSL-MG). Os dois, porém, não fazem parte do grupo que ameaça deixar o partido.

Carta em apoio a Bolsonaro

Após a reunião de quarta-feira da bancada, um grupo de 19 deputados do PSL ligados a Bolsonaro divulgou uma carta em desagravo ao presidente, principal estrela da sigla, mas que discute a possibilidade de deixar a legenda. O documento cobra "novas práticas" da atual direção da sigla, mas diz que a ala bolsonarista da bancada "não perdeu a esperança" de que seja aberto um "canal de diálogo".

Na carta, parlamentares não falam em deixar o partido, mas, em reservado, alguns tratam o documento como uma espécie de ultimato. Na manhã de quarta, Bivar disse ao Estadão/Broadcast considerar que o presidente já decidiu pela saída do partido.

"Quando ele diz a um estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu. Mostra que ele não tem mais nenhuma relação com o PSL", afirmou.

Em entrevista ao site O Antagonista, Bolsonaro disse que não sairá do partido de "livre e espontânea vontade". O presidente tenta encontrar uma saída jurídica para deixar o PSL sem que parlamentares de seu grupo percam mandato por infidelidade partidária.

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