Brasil e Estados Unidos assinam acordo que permite uso de Base de Alcântara

Resolução assinada em Washington ainda precisa de aprovação do Congresso Nacional

Escrito por AFP ,
Legenda: Inaugurado em 1983, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) tem localização estratégica pela proximidade da Linha do Equador
Foto: Foto: AFP

O presidente Jair Bolsonaro firmou nesta segunda-feira (18), durante visita aos Estados Unidos, acordo sobre o uso da base de Alcântara, no Maranhão, o que consolida sua aliança com o líder americano, Donald Trump. O acordo prevê salvaguardas tecnológicas que permitirão o uso da base para o lançamento de foguetes americanos e foi firmado pelo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, antes do encontro entre Bolsonaro e Trump, na terça-feira.A localização da Base de Alcântara é ideal para lançamentos, por estar muito próxima da Linha do Equador, o que permite economizar até 30% de combustível ou levar mais carga.

Durante o dia, o presidente brasileiro visitou a sede da CIA para conversar sobre crime organizado e tráfico de drogas, assim como outros temas relacionados à segurança do Brasil. Bolsonaro chegou a Washington no domingo à tarde. Embora seja sua primeira viagem oficial ao exterior desde que assumiu o poder em 1º de janeiro, sua estreia internacional foi o Fórum de Davos realizado na Suíça neste mesmo mês.

Sua visita servirá para promover os negócios e investimentos bilaterais. "Brasil e Estados Unidos juntos assustam os defensores do atraso e da tirania ao redor do mundo. Os quem tem medo de parcerias com um país livre e próspero? É o que viemos buscar!", tuitou Bolsonaro depois de aterrissar no domingo.

Desde que chegou ao poder em janeiro, o presidente de extrema direita deu uma guinada na diplomacia brasileira, tradicionalmente equidistante dos grandes poderes mundiais, e se orientou para estreitar relações com governos conservadores e "antiglobalistas" como Estados Unidos, Israel e Itália.

Bolsonaro viajou acompanhado de seis ministros, entre eles Araújo, o titular de Economia, Paulo Guedes, e o da Justiça e Segurança, Sérgio Moro. Ernesto Araújo disse que a viagem aos Estados Unidos marcará a "reativação de uma associação natural". Décadas de relações que não passavam de cordiais entre Brasília e Washington ficaram para trás com a chegada de Bolsonaro ao poder, apelidado de "Trump tropical" por sua admiração e sua sintonia ideológica com a agenda nacionalista e "antiglobalista" do americano.

Na noite de domingo, Bolsonaro participou de um jantar na residência do embaixador do Brasil em Washington. Também estiveram presentes Steve Bannon, o polêmico ex-assessor de Trump, e Olavo de Carvalho, considerado o guru de Bolsonaro. Na tarde de ontem, cerca de 50 pessoas se reuniram diante da Casa Branca para protestar com cartazes que diziam "Bolsonaro assassino" e "Lula Livre".

Agenda cheia

Nesta segunda-feira, os compromissos de Bolsonaro na capital americana incluíram uma reunião privada com o ex-secretário do Tesouro Henry Paulson e um discurso na Câmara de Comércio dos Estados Unidos. "Temos alguns assuntos que estamos trabalhando em conjunto, reconhecendo, obviamente, a capacidade econômica, bélica, entre outras, dos Estados Unidos. Temos que resolver a questão da nossa Venezuela", afirmou durante o evento.

Na terça, às 9h30 locais, Bolsonaro se encontra com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro. O prato principal do dia será o esperado encontro com Trump na Casa Branca, que incluirá uma entrevista coletiva, antes do encontro privado entre ambos os presidentes programado para 14h15 locais. Um dos eixos da agenda com Trump é a crise na Venezuela. A oposição ferrenha ao que ambos consideram uma "ditadura" no país caribenho é um dos temas que mais os une.

Os Estados Unidos estão à frente dos mais de 50 países, entre eles o Brasil, que reconhecem o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino. Sanções econômicas e um embargo do petróleo da Venezuela foram aplicados. Analistas esperam que ambos também discutam medidas para aumentar o comércio bilateral, sem rebaixar limites que no caso do Brasil impõe o Mercosul, e o ingresso do gigante sul-americano na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE).

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