Bolsonaro recebe líder do governo na Câmara para tratar de reforma da Previdência

Major Vítor Hugo indicou um movimento de aproximação entre o presidente e Rodrigo Maia

Escrito por Agência Globo ,
Legenda: Jair Bolsonaro tratou, neste domingo, da retomada dos trabalhos legislativos para a aprovação da sua proposta de reforma da Previdência
Foto: AFP

O presidente Jair Bolsonaro recebeu neste domingo o líder do governo na Câmara, deputado major Vitor Hugo (PSL-GO), para conversar sobre a tramitação da reforma da Previdência na Casa. O encontro não estava previsto na agenda do presidente.

"Tratamos sobre articulação política, sobre a próxima semana, como retomar os trabalhos para a aprovação da Previdência, votos na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), o trabalho do Felipe Francischini (presidente da CCJ) e de Onyx (ministro da Casa Civil)", afirmou o líder após a reunião.

O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada e, segundo Vitor Hugo, os dois não trataram sobre os desentendimentos entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. No entanto, o líder do governo falou em aproximação entre os dois:

"A semana passada foi uma semana muito tensa e agora a gente vai caminhar para uma aproximação", disse o deputado.

A elevação do tom na discussão entre Rodrigo Maia e Jair Bolsonaro é visto dentro da equipe econômica como um "apocalipse". De acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO, os técnicos ficaram estarrecidos com a briga e temem que ela contamine a reforma da Previdência. Internamente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenta reconstruir a relação entre os dois para não prejudicar ainda mais o projeto, considerado fundamental para a economia do país. No entanto, seu poder de conciliação pode ser limitado.

Reconhecido por deputados como fiador da reforma da Previdência, Maia sinalizou que vai esperar o Planalto tomar as rédeas da articulação política para coordenar a votação da proposta. Ele não irá mais ajudar a negociar a participação de partidos no Executivo.

O presidente da Câmara tem sido aconselhado por aliados a pressionar o governo pela desorganização na Casa. Desde que a reforma dos militares chegou aos deputados, com um plano de reestruturação de carreira, deputados criticam a possível reivindicação de privilégios para outras categorias.

Nesta sexta-feira, Bolsonaro subiu o tom com relação às declarações de Maia durante viagem ao Chile. O presidente disse que a "bola está com o Parlamento" e que não entende os motivos de Maia se comportar "dessa forma um tanto quanto agressiva".

Bolsonaro afirmou ainda que o governo já fez a parte dele, ao encaminhar a proposta da reforma à Câmara, e acredita que os parlamentares vão "aperfeiçoá-la":

"A bola está com o Parlamento. Mas, me desculpe, o que é articulação? O que é que está faltando eu fazer? Eu pergunto a vocês o que foi feito no passado e (digo que) não seguirei o mesmo estilo de ex-presidentes, pode ter certeza disso", disse Bolsonaro durante sua viagem ao Chile.

Em entrevista ao jornal O Globo, Maia disse que cabe a Bolsonaro construir a base governista e que o presidente precisa ter convicção sobre a importância da reforma. Ele também reclamou dos ataques que vem sofrendo nas redes sociais de bolsonaristas.

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