Bolsonaro: ministro da Educação continua no cargo

Ricardo Vélez Rodríguez enfrenta crise no MEC

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Jair Bolsonaro garantiu a permanência de seu ministro da Educação no cargo
Foto: AFP

O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta terça-feira,  ao chegar ao Itamaraty, que o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, "continua no cargo". Lembrado que o escritor Olavo de Carvalho foi ao Twitter criticar o ministro e até mesmo pedir a sua demissão, Bolsonaro disse: "Eles estão se entendendo". "Não precisa sair (o ministro)", completou.

>Ministro da Educação sofre desgaste com pedido de exonerações

"Teve um probleminha com o primeiro homem dele, mas está tudo resolvido", disse o presidente numa referência a Vélez. "Eu tenho seis filhos e tenho problema de vez em quando. Imagine com 22 ministros", afirmou. "Eu tenho cinco filhos", corrigiu logo em seguida, sorrindo e admitindo ter sido traído pela memória.

Sobre a situação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, envolvido em denúncias de ter direcionado verbas de campanha a candidatas suspeitas de serem laranjas, o presidente limitou-se a responder: "Estou aguardando primeiro o relatório da investigação."

Guru

Guru intelectual do bolsonarismo,  Olavo de Carvalho publicou um tweet nesta terça-feira (12), no qual afirma não ter a intenção de "derrubar ministros" no governo e ainda mandou um recado para o chefe da pasta da Educação:

"Não quero derrubar ministro nenhum. Apenas apresentei pessoas, sem a menor pretensão de influenciá-las (sei que isto é inimaginável para o pessoal da mídia, para quem influenciar é orgasmo). O ministério é do Velez. Que o enfie no c*."

O clima é de apreensão no Ministério da Educação após funcionários ligados ao professor deixarem a pasta. 

Olavo de Carvalho tem feito críticas ao ministro e a seus subordinados em suas redes sociais. As contas do filósofo têm sido recheadas de publicações em tom agressivo e irônico nos últimos dois dias. Além das críticas no âmbito do MEC, nesta terça, ele atacou jornalistas. "Quantos jornalistas, no Brasil, são consumidores habituais de drogas? Sem esse dado, é impossível analisar as 'ideias' deles", escreveu.

Para ele, os apontamentos da mídia a respeito dos conflitos de indicações dentro do MEC são "sentimentos subjetivos", e não fatos. "Quando a mídia explica os acontecimentos do MEC como um conflito entre 'militares' e 'ideológicos', isso é evidentemente uma expressão de sentimentos subjetivos em linguagem arbitrária, não uma descrição nem mesmo falsa da realidade."

As disputas no ministério começaram na semana passada, quando o ministro resolveu exonerar funcionários que defendiam políticas de viés ideológico. A mais importante delas  foi uma carta enviada às escolas pedindo que o slogan de campanha de Bolsonaro ("Brasil acima de tudo, Deus acima de todos") fosse lido por crianças e que elas ainda fossem filmadas cantando o Hino Nacional.

Com a repercussão negativa da notícia - e Vélez recuando na determinação enviada às escolas - , o ministro deixou os "olavistas" de lado e passou a se aconselhar com um grupo que defende o abandono do discurso ideológico. "Olavistas", por sua vez, dizem que o grupo é "tucano" e não segue as ideias de Bolsonaro. Os técnicos rivalizam com outros dois segmentos dentro do MEC, o de seguidores de Olavo e o de alguns militares.

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