Bolsonaro inicia reuniões com dirigentes partidários na manhã desta quinta (4)

Os encontros fazem parte de uma tentativa do Planalto de criar uma base de apoio no Congresso

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Inicialmente Bolsonaro tentou se distanciar da articulação política, com críticas ao que chama de "velha política". Agora, deve começar a atuar mais diretamente
Foto: Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro deflagra nesta quinta-feira (4) a intensa agenda de reuniões que terá ao longo do dia com dirigentes partidários, no Palácio do Planalto, para tentar criar uma base de apoio no Congresso. A iniciativa de receber os presidentes dos partidos ocorre em resposta às dificuldades enfrentadas para viabilizar a reforma da Previdência, considerada a principal medida econômica do governo. 

Inicialmente Bolsonaro tentou se distanciar da articulação política, com críticas ao que chama de "velha política". Agora, deve começar a atuar mais diretamente.

Nesta quinta (4), Bolsonaro começa os encontros com o presidente do PRB, Marcos Pereira. Terá ainda reuniões com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e parlamentares do partido. Ainda pela manhã, recebe o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin; e, em seguida, o presidente do PP, Ciro Nogueira.

Ao meio-dia, será a vez de receber o presidente do DEM, ACM Neto que irá acompanhado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, aliado de Bolsonaro. O DEM possui três ministros na Esplanada, mas não compõe formalmente a base de apoio do governo no Congresso Nacional. A última reunião do dia, marcada para 16h30, será com o presidente do MDB, Romero Jucá.

A proposta é que a série de reuniões tenha continuidade na próxima semana, quando o presidente receberá os dirigentes do PSL, PR, PROS, Podemos e Solidariedade. O ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, responsável pela articulação, acompanha todos os encontros.

As reuniões com os presidentes das legendas foram inicialmente mantidas fora da agenda oficial do presidente na noite desta quarta-feira (3). Após questionamentos, o governo decidiu incluir as audiências.

Mais ouvir do que falar

O primeiro a ser recebido por Bolsonaro é o presidente do PRB, o deputado federal Marcos Pereira, que critica a liderança do governo e diz que vai ao encontro mais para ouvir do que falar.

"O diálogo começa a partir de agora. Vamos ouvir o governo. Quem chama, tem algo a para falar", afirmou o presidente do PRB em entrevista à rádio CBN nesta quinta-feira (4).

Pereira é um dos mais críticos dirigentes partidários ao governo Bolsonaro. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o deputado, que é o primeiro vice-presidente da Câmara, disse que Bolsonaro precisa "descer do palanque" e se colocar no papel de presidente. À frente do PRB, que tem 31 deputados, ele reclama da falta de atenção do governo com os parlamentares, que não estão sendo recebidos nos ministérios.

"A relação não é boa porque o presidente insiste em ter um discurso de retórica eleitoral e não de presidente", disse nesta manhã.

Após desenhar uma aliança apenas com frentes parlamentares, Bolsonaro enfrentou uma crise política atrás da outra, que levou a derrotas do Planalto na Câmara, e foi aconselhado a aceitar a distribuição de cargos, na volta da viagem a Israel, para aprovar a reforma da Previdência.

O vice-presidente Hamilton Mourão disse na quarta-feira (3) que, se o convite do Planalto for aceito, a coligação terá como contrapartida cargos no governo.

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