Bolsonaro fala em 'pressão enorme' no dia em que anuncia R$ 1 bilhão em emendas

Em reunião com Rodrigo Maia, o presidente foi alertado que o governo deveria conceder afagos ao Congresso para atingir o apoio mínimo para aprovação da reforma da Previdência

Escrito por FolhaPress ,
Legenda: Bolsonaro tem afirmado que não vai repetir em seu governo a política do toma lá dá cá de gestões anteriores, e que adotará um critério técnico para as escolhas de cargos nos estados
Foto: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No dia em que o governo anunciou que vai liberar R$ 1 bilhão de emendas parlamentares, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que existe uma "pressão enorme" da velha política.

"Vocês sabem que as pressões são enormes porque a velha política parece que quer nos puxar para fazer o que eles faziam antes. Nós não pretendemos fazer isso", disse Bolsonaro.

O presidente falou nesta segunda-feira (11) durante uma videoconferência do presidente com ministros e auxiliares que visitam a estação científica brasileira na base da Antártida.

Entre os auxiliares que viajaram ao local está o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. A visita tem como objetivo a inauguração da estrutura de telecomunicações da estação, que foi alvo de um incêndio em 2012 e deve ter sua reconstrução finalizada em 2020.

A declaração do presidente ocorre em um momento em que o governo terá de fazer esforços para ampliar sua base na Câmara, em meio às instalações de comissões na Casa e do início da tramitação da reforma da Previdência, considerada crucial para a atual gestão.

No sábado, em reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro foi alertado que o governo deveria conceder afagos ao Congresso para atingir o apoio mínimo para aprovação do texto.

Por se tratar de PEC (proposta de emenda à Constituição), são necessários ao menos 308 votos. Pelas contas de auxiliares do Planalto, existem cerca de 160 votos garantidos e outros 100 como prováveis.

Para ter uma margem confortável para submeter o texto ao crivo dos deputados, o governo espera ter o apoio de ao menos 330 deputados.

Na reunião, Maia alertou que a conquista de mais 70 deputados dependeria de acenos, como concessão de emendas e cargos.

Bolsonaro tem afirmado que não vai repetir em seu governo a política do toma lá dá cá de gestões anteriores, e que adotará um critério técnico para as escolhas de cargos nos estados. 

As nomeações estão paralisadas desde o início de fevereiro por determinação de Onyx e devem ter celeridade esta semana.

O Planalto pretendia lançar um "Banco de Talentos" para reunir currículos para as indicações, mas o projeto ainda não foi concluído.

Ainda durante a videoconferência, Bolsonaro disse ter certeza de que adotou um "novo caminho" para a condução da política.

"Pode até ter um caminho melhor, mas o nosso caminho aqui é diferente dos anteriores", disse.

Segundo o presidente, parte dos parlamentares entendeu que governo quer compor sua equipe levando em conta um critério técnico.

A declaração é feita um dia depois de o presidente ter determinado ao ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, que demitisse um de seus auxiliares, o coronel Ricardo Roquetti.

"Já há uma consciência por parte dos parlamentares de que nós queremos manter esse ministério técnico, dando liberdade aos respectivos ministros para escolher as suas equipes."

A demissão de Roquetti ocorreu após uma série de críticas do escritor e guru da direita Olavo de Carvalho pelo Twitter.

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