Bolsonaro dedica 30% da agenda a militar e religioso

Além disso, o presidente também recebeu em duas oportunidades, em seu gabinete em Brasília, a viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-CODI na ditadura militar, condenado por sequestro e tortura

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Presidente Jair Bolsonaro participou da Marcha para Jesus em agosto de 2019
Foto: Agência Brasil

Quando não esteve reunido com políticos, o presidente Jair Bolsonaro dedicou cerca de 30% da sua agenda pública em 2019 a eventos com militares e religiosos. Já representantes de sindicatos e movimentos sociais estiveram presentes em 4% dos compromissos do primeiro ano de mandato do presidente. O jornal O Estado de S. Paulo analisou 516 itens listados na agenda pública de Bolsonaro desde sua posse, em 1.º de janeiro. Não foram levados em conta neste levantamento encontros com parlamentares, governadores e prefeitos, nem reuniões com integrantes do governo.

Entre condecorações, formaturas e encontros com integrantes das Forças Armadas, o presidente participou de 106 eventos ligados a militares no decorrer do ano. Além de acompanhar solenidades e se encontrar com autoridades militares, que apoiam Bolsonaro desde os tempos de deputado federal, o presidente também recebeu em duas oportunidades, em seu gabinete em Brasília, a viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-CODI na ditadura militar, condenado por sequestro e tortura.

106
Foi o número de eventos ligados a militares dos quais Bolsonaro participou no decorrer do ano passado

Eventos religiosos e encontros com líderes de igrejas somam 46 itens da agenda do primeiro ano de governo. Além dos encontros com lideranças, Bolsonaro participou de eventos e celebrações, como a Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil e a 27.ª edição da Marcha para Jesus, tornando-se o primeiro presidente a comparecer ao evento, em São Paulo. A proximidade com evangélicos contribuiu para a eleição de Bolsonaro. Ele pretende utilizar igrejas para coletar assinaturas necessárias para a criação do seu novo partido, o Aliança Pelo Brasil.

46
Foi o número de eventos religiosos e encontros com líderes de igrejas dos quais Bolsonaro participou ao longo de 2019

Por outro lado, Bolsonaro dedicou 22 encontros a entidades da sociedade civil organizada, como associações de classe, ONGs e sindicatos. O presidente já relacionou a atuação desses grupos a partidos de esquerda e, em outubro, levantou suspeitas de que ONGs poderiam estar por trás de queimadas na Amazônia. O presidente se encontrou, por exemplo, com o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e um advogado de uma cooperativa de mineração indígena.

22
Foi o número de encontros com entidades da sociedade civil organizada dos quais Bolsonaro participou ao longo de 2019

Encontros com empresários e representantes do agronegócio ocuparam 124 itens da agenda presidencial desde janeiro. Parte do empresariado tem apoiado a agenda econômica do governo federal. Procurado, o Planalto não quis comentar.

124
Foi o número de encontros com empresários e representantes do agronegócio dos quais Bolsonaro participou ao longo de 2019

Viagens

O Estado também analisou os 74 deslocamentos feitos pelo presidente em 2019. Quase dois terços das viagens (42) foram para o Sudeste, região onde Bolsonaro teve votação expressiva. Em parte dos deslocamentos, Bolsonaro fez acompanhamento médico. O Nordeste, reduto de governadores do PT, foi visitado em sete oportunidades, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação.

Ao todo, a Presidência gastou R$ 8 milhões em viagens no ano passado (R$ 5,7 milhões para destinos nacionais e R$ 2,2 milhões para fora do País). A maior despesa foi destinada a um tour de 19 dias por países asiáticos em outubro (Japão, China, Emirados Árabes Unidos, Catar e Arábia Saudita): R$ 1 milhão. Já a viagem com a maior comitiva, em 31 de maio, levou 77 pessoas para Goiânia, onde ocorreram encontros com o governo estadual e a Convenção Nacional das Assembleias de Deus. A Secretaria de Administração, responsável pelas despesas da Presidência, não divulgou as notas fiscais, alegando questões de segurança. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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