Bolsonaro compartilha postagem de André Fernandes e Instagram classifica mensagem como fake news

A Sesa ainda repudiou a publicação do deputado, declarando que ela "demonstra o desconhecimento e a má intenção de quem elabora e propaga informações falsas como essa, buscando confundir o cidadão e atentando contra a saúde pública"

Escrito por Redação / Folhapress ,
Legenda: O post foi ocultado, mas ainda é possível vê-lo
Foto: Reprodução

O Instagram ocultou uma publicação relacionada ao novo coronavírus e compartilhada na função stories pelo presidente Jair Bolsonaro. na segunda-feira (11). A rede social classificou a postagem como fake news. A informação levava a assinatura do deputado estadual André Fernandes (sem partido), que admitiu o desencontro de informações na imagem.

O parlamentar explica que sua equipe fez a colheita, no Portal da Transparência do Registro Civil, de dados de doenças, no Ceará, "incluindo insuficiência respiratória, pneumonia e outros óbitos, do ano passado, e comparou com o mesmo período deste ano, com as mesmas doenças e covid-19, e fez uma comparação no número de óbitos". Ele diz que sua equipe se confundiu aos organizar as informações em uma peça de divulgação.

"O erro esteve na parte que foi colocado lá em cima (na peça de divulgação) 'óbitos por doenças respiratórias no Ceará'. Tá errado. É tanto que eu corrigi e fiz uma nota no Twitter. O certo seria 'óbitos por doenças no Ceará' em 2019 sem covid-19 e em 2020 com covid-19", prossegue. A publicação foi refeita e repostada, afirma o parlamentar.

Mesmo com a correção do deputado, os números de 2019 mostrados na publicação continuaram superiores aos de 2020. No entanto, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) explica porque é errado utilizar os dados do Portal da Transparência do Registro Civil para a contabilização dos óbitos no Ceará.

"A partir da Portaria Conjunta nº 01 de 30 de março de 2020, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Ministério da Saúde (MS), não há necessidade imediata da Certidão de Óbito (Registro Civil) durante a situação de pandemia do coronavírus, podendo esta ser emitida em até 60 dias. Logo, os dados da plataforma de transparência utilizado para embasar a postagem não estão atualizados", diz a pasta em nota.

Mais pessoas morreram em 2020

Além disso, a secretaria informa que o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, "já é possível perceber que mais pessoas vieram a óbito em 2020 que em 2019 no Estado em decorrência de doenças respiratórias, o que comprova a gravidade do cenário enfrentado atualmente". A plataforma é alimentada com informações fornecidas via Declaração de Óbito, e não com as certidões emitidas pelos cartórios. 

A Sesa ainda repudiou a publicação do deputado, declarando que ela "demonstra o desconhecimento e a má intenção de quem elabora e propaga informações falsas como essa, buscando confundir o cidadão e atentando contra a saúde pública".

Postagens apagadas de Bolsonaro

Não é a primeira vez que uma postagem do presidente é marcada como "falsa". No fim de março, o Twitter e o Facebook apagaram publicação de Bolsonaro de suas plataformas, por entender que ela cria "desinformação" que pode "causar danos reais às pessoas".

A postagem era de um dos vídeos do passeio que o presidente fez no Distrito Federal, criando aglomeração e contrariando seu próprio ministro da Saúde na ocasião, Luiz Henrique Mandetta, que recomendou que as pessoas ficassem em casa como medida de enfrentamento ao novo coronavírus.

O vídeo também foi apagado do Instagram, rede social que pertence ao Facebook. "Removemos conteúdo no Facebook e Instagram que viole nossos Padrões da Comunidade, que não permitem desinformação que possa causar danos reais às pessoas", disse a empresa em nota.

Na ocasião, foi a primeira vez que o Twitter apagou postagens do presidente do Brasil. A companhia também apagou um post do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. A publicação de Maduro indicava uma receita caseira de uma bebida que poderia ser útil para curar a doença.

Após apagar a postagem, o Twitter disse em nota que "anunciou recentemente em todo o mundo a expansão de suas regras para abranger conteúdos que forem eventualmente contra informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais e possam colocar as pessoas em maior risco de transmitir Covid-19".

 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados