Áudios derrubam versão de Bolsonaro sobre conversa com Bebianno

Conversas vazadas mostram que presidente e ex-ministro trataram do esquema de candidaturas laranjas do PSL

Escrito por Redação ,

O presidente Jair Bolsonaro conversou com o ex-ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno pelo aplicativo de mensagens Whatsapp três vezes no dia 12 de fevereiro, um dia antes de sua alta médica no hospital Albert Einstein, na capital paulista. Os áudios das conversas entre os dois, divulgados pela revista Veja, confrontam a versão do presidente de que ele não havia falado naquele dia com o então auxiliar. As gravações mostram ainda que ambos conversaram também sobre o esquema de candidaturas laranjas do PSL.

No diálogo sobre o escândalo, o presidente faz referência à denúncia de que uma candidata laranja em Pernambuco recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição do ano passado. Bolsonaro afirma que querem "empurrar essa batata quente" em seu colo.

"Querer empurrar essa batata quente desse dinheiro lá pra candidata em Pernambuco pro meu colo, aí não vai dar certo. Aí é desonestidade e falta de caráter. Agora, todas as notas pregadas nesse sentido foram nesse sentido exatamente, então a Polícia Federal vai entrar no circuito, já entrou no circuito, pra apurar a verdade. Tudo bem, vamos ver daí... Quem deve paga, tá certo? Eu sei que você é dessa linha minha aí. Um abraço", disse.

Em entrevista ao jornal O Globo, Bebianno disse na semana passada que havia conversado três vezes com o presidente. No dia seguinte, no entanto, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ) disse que o então ministro havia mentido, o que foi chancelado pelo presidente, em entrevista a um canal de TV.

Durante a troca de mensagens, revelada nos áudios,  Bebianno envia ao presidente uma nota publicada pelo site O Antagonista, que informa a viagem de Bebianno e mais dois ministros para o Pará - Ricardo Salles, do Ministro do Meio Ambiente,  e Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos, com o intuito de discutir projetos para a Amazônia. 

Bolsonaro reclama:  “Ô, Bebianno. Essa missão não vai ser realizada. Conversei com o Ricardo Salles. Ele tava chateado que tinha muita coisa para fazer e está entendendo como missão minha. Conversei com a Damares. A mesma coisa. Agora: eu não quero que vocês viajem porque… Vocês criam a expectativa de uma obra. Daí vai ficar o povo todo me cobrando. Isso pode ser feito quando nós acharmos que vai ter recurso, o orçamento é nosso, vai ser aprovado etc. Então essa viagem não se realizará, tá OK? Um abraço aí, Gustavo!”

Bolsonaro diz no áudio que trocar mensagens de WhatsApp não se configura como "falar": “Eu sabia qual era a intenção, era exatamente dizer que conversou comigo e que está tudo muito bem, então faz o favor, ou você restabelece a verdade ou não tem conversa a partir daqui pra frente.”

O conteúdo dos áudios revela os bastidores da saída de Bebianno do Governo. A oposição quer convidá-lo para prestar esclarecimentos no Senado. Já parlamentares do partido do presidente, como a deputada federal Joice Hasselmann (SP), teme que o ex-ministro faça alguma retaliação contra o Governo.

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