A força-tarefa de Curitiba tem que acabar em algum momento, diz ex-integrante

De acordo com Carlos Fernando Lima, outras forças-tarefa podem dar continuidade à investigação

Escrito por Redação ,
Legenda: O ex-procurador federal participou de seminário organizado pela ACMP
Foto: Isanelle Nascimento

O fim da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba é inevitável. E isso é normal “Uma operação tem que saber o momento de acabar”. A avaliação é feita por Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador da República aposentado e ex-membro da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba. O ex-magistrado, que veio a Fortaleza para palestra na Associação Cearense do Ministério Público (ACMP), declarou que essa necessidade era discutida por ele com colegas quando ainda integrava o Ministério Público Federal (MPF). 

De acordo com Carlos Fernando, a investigação pode ser continuada por outras forças-tarefas, citando as de São Paulo e Rio de Janeiro como exemplos com potencial. "Não precisamos ser sempre nós”, diz.

Investigações emblemáticas, segundo ele, acabaram servindo a essas forças-tarefa. É o caso, por exemplo, da delação premiada de executivos da empreiteira baiana Odebrecht, assinada no fim de 2016. “Foi muito importante para nós, mas gerou pouco resultado. Gastamos muita energia, mas boa parte do resultado está fora de Curitiba, em outras investigações”, explica. 

Queda de apoio 

A delação da Odebrecht é apontada também como um ponto de inflexão da Operação. De acordo com o ex-magistrado, até esse momento, eles teriam tido “a sorte” de serem vistos como direcionados a um único partido. Entretanto, o caráter ecumênico da delação da empresa teria acabado com essa ilusão. “O sistema percebeu o caos que se aproximava. E reagiu”, relembra. 

A operação, entretanto, não teve apenas méritos. Ao longo da palestra, ele não comentou sobre as recentes conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil sugerindo que o ex-juiz que supervisionava a força-tarefa de Curitiba, o hoje ministro da Justiça Sérgio Moro, e o procurador-chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, coordenaram ações entre si, o que é ilegal. Mas, em relação ao ex-colega de Ministério Público, ele aponta outro episódio polêmico: a apresentação do powerpoint feita em 2016, em que acusava o ex-presidente Lula de ser chefe do esquema criminoso na Petrobras. “Foi um claro equívoco”. Além disso, segundo ele, o fato de Dellagnol ter “falado demais” na oportunidade deu munição para que a “outra parte usasse isso contra nós”.  

De acordo com Lima, todos ficaram muito ocupados com outros aspectos da denúncia e acabaram deixando a apresentação de lado. E o já famoso powerpoint teria sido feito por Dallagnol sozinho. “Pelo amor de Deus, pedisse para a minha esposa que ela faria uma coisa mais bonitinha”, afirma ter dito à época.

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