Nação nordestina na berlinda

Reduto de Lula e favorecido pelas políticas sociais durante os governos petistas, o Nordeste voltou a sofrer ataques bairristas na internet. Em reação, redes sociais foram inundadas por mensagens de defesa da região e repúdio à militância do candidato do PSL

Escrito por Verônica Prado , veronica.torres@verdesmares.com.br
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O Nordeste impediu a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no domingo, levando a disputa presidencial para o segundo turno, no dia 28, contra Fernando Haddad (PT). Após o fim da apuração da urnas, a região virou alvo de mensagens preconceituosas nas redes sociais, com comparações pejorativas com a Venezuela, país mergulhado em uma profunda crise econômica. Ontem, Dia do Nordestino, houve o troco: choveram postagens em defesa da região. Em um deles, uma ilustração do famoso bando de cangaceiros de Lampião e Maria Bonita difundia a campanha virtual "Nordestinos contra Bolsonaro. Aqui ele não Passa".

"São reações normais diante desse fenômeno antipetista, dos eleitores do Bolsonaro. Não é um fenômeno novo, isso também se viu na eleição da Dilma onde se falava que o Bolsa Família, por exemplo, era uma espécie de 'compra' de votos", avaliou o cientista político Adriano Oliveira.

A difusão do preconceito pode ter consequências graves. "Qualquer que seja o eleito, se não souber atuar diante da crise pela qual o País está passando, pode haver um agravamento e resultar em uma convulsão social", alertou.

A xenofobia, no caso dos nordestinos, é uma forma de racismo e fere a Constituição. "Todas as formas de desrespeito e abuso, sejam elas sutis ou evidentes, presencialmente ou através de redes sociais, e o culpado deve ser responsabilizado", disse o advogado Deodato Ramalho, da Comissão de Direitos Humanos da OAB.

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