Militares ganham espaço no Ministério do Meio Ambiente

A ordem do Planalto é "acabar com o arcabouço ideológico" na Pasta

Escrito por Redação ,
Legenda: Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, defende participação privada em projetos governamentais
Foto: AFP

A área ambiental do Governo Jair Bolsonaro passa por um processo de militarização. Do alto escalão do Ministério do Meio Ambiente (MMA) até as diretorias do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), postos-chave estão agora sob a tutela de oficiais das Forças Armadas e da Polícia Militar. A orientação dada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro e levada a cabo pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é a de acabar com o "arcabouço ideológico" no setor. Já são, pelo menos, 12 militares.

Na quinta-feira, Salles exonerou o diretor de planejamento do Ibama, Luiz Eduardo Nunes, servidor de carreira do órgão federal. O posto deve ser ocupado por Luis Gustavo Biagioni, recém-aposentado da PM de São Paulo, onde trabalhou na Polícia Ambiental como major e tenente-coronel. Na quarta-feira, foi confirmada a indicação do comandante da PM Ambiental de São Paulo, coronel Homero de Giorge Cerqueira, para ser o presidente do ICMBio. Um dia antes, ele nomeara Davi de Souza Silva, também de formação militar, para a regional do Ibama em São Paulo.

Cada troca é informada a Bolsonaro. O presidente considera o Ibama "um órgão muito mais aparelhado do que o Ministério da Educação" e que, "com o Salles, nosso ministro do Meio Ambiente, tomamos providências para substituir esse tipo de gente".

O gabinete do ministro passou a contar com oito militares em cargos comissionados, oficiais que despacham ao lado da sala de Salles. Os cargos envolvem desde a chefia de gabinete até a ouvidoria e comunicação institucional da Pasta. Na sede do Ibama, duas diretorias já são comandadas por militares. As superintendências estaduais do órgão também serão ocupadas por militares.

A nomeação de um militar para comandar o Ibama em São Paulo é só a primeira de muitas trocas por vir.

Paralelamente, o Governo discute a possibilidade de fusão do Ibama e do ICMBio, o que poderia ocorrer no segundo semestre. Salles evita detalhar o tema, limitando-se a dizer que, "por enquanto", não haverá a integração. O Ibama fiscaliza e protege o meio ambiente e licencia empreendimentos, enquanto o ICMBio atua nas unidades de conservação ambiental.

Gestão privada dos parques

Escolhido para presidir o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o coronel Homero de Giorge Cerqueira diz que é preciso enxugar a máquina do Estado. Ele não descartou a ideia de voltar a fundir a instituição ao Ibama.

Cerqueira afirmou que precisa assumir para elencar prioridades, mas elogiou a transferência de parques à iniciativa privada em curso em São Paulo. "O Estado não tem mais condições de ficar pagando pelos parques. Cuidar do dinheiro público é muito importante".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.