Marina quer acabar com a reeleição para todos os cargos

A candidata quer limitar os mandatos dos parlamentares para evitar que a política vire uma profissão

Escrito por Redação ,

Marina Silva (REDE), ontem, ao encerrar sua visita ao Ceará, em entrevista ao Diário do Nordeste, não escondeu as restrições que faz a candidatos e alianças envolvidas na sucessão presidencial. Ela disse não querer, num eventual segundo turno da disputa, não querer estar ao lado daqueles que foram pegos no “doping da Lava Jato”, salientando ainda que já está dialogando com os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (PODE). Ela defende uma reforma política e fim da reeleição. 

“Tem aqueles que não foram pegos no doping da Lava jato, e esses eu estou até dialogando, mesmo agora, concorrendo com eles. Tive diálogo com o Álvaro (Dias) e com o Ciro Gomes. Eu não faço campanha do ódio, faço campanha para terminar e ter condições de conversar, pedir ajuda dos homens e mulheres de bem, caso o povo brasileiro me dê essa chance”, disse. 

A candidata ainda criticou aqueles, que segundo ela, fazem de tudo para ganhar as eleições. “A Dilma disse que para ganhar se juntava até com o diabo. Eu já estou vendo uma história de que para governar é preciso ter malignidade. Eu quero me juntar com os que têm benignidade, mostrar que a gente pode fazer diferente para governar o País. Eu só fico feliz porque têm candidatos que, graças a Deus, não foram pegos no doping da Lava Jato”.

Marina Silva voltou a criticar partidos que foram envolvidos na operação da Polícia Federal, como PT, PSDB, DEM e MDB, porém, evitou especificar a qualidade do quadro atual de 13 candidaturas colocadas para a disputa à Presidência da República. Ao ser questionada se esses são os melhores políticos escolhidos pelas legendas, ela disse apenas que a REDE fez esforço para apresentar os melhores nomes para a disputa deste ano.

Montanhas

“Fizemos esforço, agora a população é quem vai fazer esse julgamento. Muitos estão se misturando alhos com bugalhos, o ‘condomínio’ é enorme, Espero que a população faça algo bom com essa verdade. Dessa vez a população vai saber quem é quem no jogo do bicho, quem é a farinha do mesmo saco, o angu do mesmo caroço, o mingau do mesmo coité”.

Apesar de ter sido derrotada no primeiro turno do pleito de 2014, ficando no terceiro lugar da disputa, Marina Silva avalia a situação como exitosa, uma vez que obteve 22 milhões de votos dos eleitores, concorrendo com partidos que tinham “montanhas e montanhas de dinheiro roubados da Petrobras e dos fundos de pensão da Belo Monte”. “Foi uma vitória do povo brasileiro dar um voto consciente e sem dinheiro da corrupção.

Agora, estou na terceira vez, e o importante é que as pessoas vão votar sabendo da verdade. Em 2014, elas não sabiam quanto PT, PSDB, DEM e PMDB estavam envolvidos na Lava Jato como foi mostrado agora”. Para ela, muitos que estão disputando a eleição para deputado, senador e até para presidente estão fazendo pensando apenas em continuarem com o foro privilegiado, para não responderem por seus atos junto à Justiça.

“Eu vou participar, mesmo em condições bem mais difíceis, porque eles vão ficar com todo o tempo de televisão e eu vou ficar só com 28 segundinhos para fazer a campanha. Mas mesmo assim a sociedade brasileira tem respondido de uma forma muito acolhedora e no Nordeste sou sempre bem acolhida”

A candidata defendeu, também, já como primeiras medidas de um eventual Governo seu, a realização de uma Reforma Política que terá como principal meta acabar com a reeleição para presidente da República. Pela sua proposta, a partir de 2022, o mandato no Executivo seria de cinco anos, e os políticos só teriam dois mandatos legislativos, instituindo as candidaturas independentes e o fim do foro privilegiado para políticos.

“Isso é para ninguém transformar a função política em profissão. Queremos quebrar o monopólio dos partidos e criminalizar o caixa dois. Vamos fazer uma Reforma Política para melhorar a qualidade da política, avançar na democracia e criar uma governabilidade”, defendeu, ressaltando que no Brasil não mais existirá o presidencialismo de coalizão, mas de proposição. “Vamos compor o Governo com base no programa, com pessoas boas dos movimentos sociais, dos partidos e das universidades”, acrescentou.

Raízes 

Para obter êxito em sua terceira tentativa, Marina Silva terá que se desdobrar, visto o reduzido recurso que seu partido receberá para a campanha e o diminuto tempo em rádio e TV. Segundo ela, isso acontece porque “coerência tem um custo” e ela optou por não se juntar a partidos envolvidos com irregularidades. “Têm aqueles que se juntaram com alhos e bugalhos, como é o caso do Alckmin, que tem o mesmo ‘condomínio’ da Dilma. Todos aqueles que estavam com a Dilma, em 2014, agora estão juntos com o Alckmin”. 

Na área da Segurança ela apresenta propostas genéricas como contratar policiais com salário justo, treinar continuadamente os agentes da segurança, implementar o Sistema Único da Segurança Pública em parceria com os estados e municípios. Na Saúde, ela informou que é preciso focar nos médicos da Saúde da Família, com remédios para as pessoas. Marina destacou ainda ser necessário trabalhar para recuperar os empregos do País. 

Ela disse ser contra o aborto, a liberação de armas para a população e legalização das drogas, mas afirmou que a população é quem deve decidir sobre esses temas polêmicos e não os 513 deputados e 81 senadores.

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