Lista completa dos secretários pode nem sair até a posse de Camilo

Camilo vem precisando de habilidade extra para fechar a equipe da nova administração

Escrito por Inácio Aguiar e Wagner Mendes ,

Na reta final do seu primeiro mandato, o governador Camilo Santana se divide entre a busca de recursos nos ministérios, em Brasília, e a difícil formação do seu secretariado. Nos bastidores, o anúncio da lista completa com os 21 auxiliares do primeiro escalão foi adiado algumas vezes. Diante das indefinições, o Palácio da Abolição está divulgando os nomes de acordo com as tratativas individuais. 

Nesta quinta-feira, o Diário do Nordeste publicou, em primeira mão, a confirmação de permanência de André Costa (Segurança Pública e Defesa Social) e Arialdo Pinho (Turismo). Nos dois casos, a permanência é uma sinalização do governador de que avalia, ao menos, como satisfatório o trabalho. 

Na Segurança, mesmo com a manutenção do titular, o Governo precisará de resultados mais expressivos e convincentes para aquela que é uma das principais demandas da sociedade: a redução da violência.

No Turismo, a implantação do hub, a atração de novos voos, a consolidação de Jericoacoara como um destino turístico internacional, a atração de grandes empreendimentos hoteleiros e o Aeroporto de Aracati, deram ao secretário Arialdo crédito para seguir à frente da Pasta.

Em entrevista, ele prevê metas de “buscar interligações com a África do Sul, o norte da África e possivelmente com os Emirados Árabes”. O plano de gestão também visa investimentos em infraestrutura, como o saneamento básico nas praias e as restaurações da Ponte dos Ingleses e Farol do Mucuripe, além do hub portuário no Estado com objetivo de atingir a marca de 40 navios internacionais por ano.

Nomes

Luís Mauro Albuquerque Araújo (Administração Penitenciária), Socorro França (Secretaria de Proteção Social, Justiça, Mulheres e Direitos Humanos) e Carlos Roberto Martins Rodrigues, o Dr. Cabeto (Saúde), também estão confirmados no primeiro escalão do petista. 

A divulgação da lista completa pode ocorrer até o fim de semana, mas há a possibilidade de a posse do governador ocorrer sem que o secretariado esteja completo. 

Com um arco de alianças de 24 partidos na disputa pela reeleição estadual, em outubro deste ano, Camilo tem encontrado dificuldades para definir a nova equipe. Ainda ontem à noite, boa parte dos atuais secretários ainda não sabia o próprio futuro. Questionados, muitos se mostraram inclusive incomodados por não serem informados mesmo após a última reunião de gestão, realizada na quarta-feira (26), quando Camilo agradeceu o empenho de todos.

O tucano Maia Junior, que é o atual secretário de Planejamento, disse à reportagem que não sabe ainda se continua ou se deixa a gestão petista. Segundo ele, tem duas propostas para retornar à iniciativa privada, mas que vai aguardar a definição em “respeito” ao governador. 

Assim como Maia, cotados para integrar o secretariado do Palácio da Abolição também seguem sem saber do futuro. Os atuais secretários petistas, De Assis Diniz, da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, e Artur Bruno, do Meio Ambiente, ainda aguardam definição do governo. 

O secretário Fabiano Piúba, atual chefe da Cultura, comemorou o fato de a gestão manter a Pasta com status de Secretaria, apesar da reforma administrativa que pretende enxugar cerca de R$ 1 bilhão. Mas, sobre a manutenção no cargo, preferiu aguardar o anúncio oficial. Piúba também não confirmou o convite.

O caso PT

Na tentativa de definir as cartas no jogo de partidos na gestão, Camilo vai se reunir com a cúpula do PT ainda hoje antes de anunciar a definição do primeiro escalão.

Atualmente com três Pastas, o PT espera manter ao menos a Casa Civil, com Nelson Martins, e a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, que pode ser De Assis Diniz ou outro nome da legenda. O PT comanda a Pasta desde a gestão Cid Gomes (PDT), quando o próprio Camilo chegou a chefiar antes de se eleger deputado estadual. 

Nos bastidores, o partido tem pressionado para ganhar mais espaço no governo. O presidente da legenda, deputado estadual Moisés Braz, cobrou publicamente, na semana passada, mais poder de influência da sigla no governo.

O interesse dos petistas eleitos para a Assembleia Legislativa era ocupar lugar na Mesa Diretora, a liderança do governo ou assumir a chefia de uma Pasta no primeiro escalão. Com menos secretarias, o governador vai precisar sentar com o próprio partido para apaziguar os ânimos dos correligionários. 

A conversa entre o governador e o presidente estadual do PT deveria ter sido feita ontem pela manhã, mas acabou sendo adiada em virtude da agenda de Camilo. 

O principal articulador do grupo majoritário do PT com o governador, deputado federal José Guimarães (PT), deu sinais, ontem à noite, de que ainda havia indefinições quanto à participação do partido no governo. 

Minutos antes de embarcar para Brasília, o parlamentar se limitou a dizer que “não tem como” dar detalhes de como ficará a distribuição de petistas no Palácio da Abolição.

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