Lideranças do Pros no Ceará se afastam de denúncias nacionais

Com presidente nacional sob investigação de crime eleitoral, cearenses argumentam que instrumentos apontados pelos investigadores como tendo sido utilizados para lavagem de dinheiro não foram usados no Estado

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com.br
Legenda: Eurípedes Júnior é investigado por crime eleitoral, revelou o “Fantástico” no domingo (16)
Foto: Foto: Reprodução/Youtube

Diante de denúncias de indícios de desvio de dinheiro público do Fundo Eleitoral, o Pros passa por turbulências em âmbito nacional, mas, no Ceará, lideranças da legenda tentam se afastar da crise. O presidente nacional do partido, Eurípedes Júnior, está sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, além do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, por suspeitas de irregularidades na campanha eleitoral de 2018. Lideranças da sigla no Estado, porém, apontam que o diretório estadual não deve ser atingido pelas suspeitas. 

Entre as denúncias que recaem sobre a legenda, estão a de lavagem de dinheiro e de superfaturamento na prestação de contas de candidatos. Presidente do partido no Ceará, o deputado federal Capitão Wagner explica que os instrumentos apontados pela investigação como sendo utilizados para as irregularidades, embora oferecidos pela executiva nacional para os candidatos que concorreram a cargos no Ceará, não foram aceitos. 

Segundo reportagem veiculada no “Fantástico”, da TV Globo, no último domingo (16), a suspeita dos investigadores é de que tenham sido desviados recursos do Fundo Eleitoral do partido. Entre os meios utilizados para isso, estariam cartões de crédito distribuídos, após sugestão de Eurípedes Júnior, para que candidatos pagassem combustível e equipe durante a campanha de 2018. Na última eleição, o Pros tinha direito a R$ 26 milhões para as candidaturas dos filiados. 

De acordo com a investigação, também houve problema quanto às prestações de contas dos candidatos da legenda. “São 37 vítimas de superfaturamento, de contas infladas, dez vezes mais do que as pessoas receberam, às vezes 20 vezes mais”, afirmou o advogado de ex-candidato Erivelto Forlan à reportagem do Fantástico. 

“O Ceará não recebeu nem o cartão para pagamento de militância nem para combustível, então nenhuma irregularidade aconteceu nesse sentido aqui”, explica Capitão Wagner. “Foi oferecido, à época, mas a gente não quis. Também foi oferecida pela (executiva) nacional a prestação de contas, mas nós preferimos fazer a nossa própria. Então, quanto a essas acusações, nós estamos muito tranquilos”.

Capitão Wagner afirma que a divulgação das denúncias contra Eurípedes foi uma surpresa, inclusive porque “a investigação corre em segredo de Justiça”.

Questionamento

Ele também contesta alguns pontos da reportagem, como a que cita a existência de uma banheira de hidromassagem no gabinete de Eurípedes na sede do partido, em Brasília. 

“O prédio onde acontecem as atividades do partido era uma casa e está sendo adaptado. O escritório do presidente, por exemplo, era onde antes existia um quarto. Então, pelo prédio não vejo irregularidade”. Segundo Wagner, a bancada do Pros no Congresso Nacional deve se reunir para decidir quais posturas adotar diante das denúncias. 

O deputado estadual Vitor Valim, também do Pros, defende que Eurípedes Júnior deveria pedir afastamento da presidência do partido, até a conclusão da investigação. “Não sou membro da executiva nacional, mas torço para que se afaste enquanto durar a investigação”, afirma.

Para Márcio Martins, vereador de Fortaleza pelo Pros, não é possível “se posicionar protegendo algo ilegal e ilícito, apenas porque é meu partido”. Contudo, ele também aponta que é cedo para falar sobre possível saída da legenda. “Nenhuma denúncia tem como ocorrer no Ceará”. 

Segundo Márcio Martins, após o Carnaval, os filiados ao Pros no Ceará devem ser convidados a uma reunião do diretório estadual para discutir a questão. “Agora, a Justiça deve cumprir o seu papel”, conclui o vereador. 

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