Juiz mantém prisão de suspeitos de ataques hackers a autoridades

Após ouvir denúncias de maus-tratos aos presos, juiz nega pedidos de liberdade para o grupo suspeito de invadir celulares de autoridades

Escrito por Redação ,
Legenda: DJ Gustavo Santos, suspeito de envolvimento em ataques hackers, sai da viatura da PF em Brasília
Foto: Foto: Folhapress

A Operação Spoofing, que investiga o ataque cibernético aos celulares de autoridades dos três Poderes, ganhou, nesta terça-feira, um novo capítulo: denúncias de maus-tratos. Dois dos quatro presos sob suspeita de envolvimento em ataques hackers contra autoridades, como o sofrido pelo ministro Sergio Moro (Justiça), alegaram que sofreram maus-tratos. O depoimento foi prestado, nesta terça, ao juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília.

Questionada por jornalistas, a Polícia Federal ainda não se manifestou sobre as declarações do casal preso.

Os suspeitos Gustavo Henrique Elias Santos, 28, e Suelen Oliveira, 25, foram os únicos a relatar uma série de condutas dos policiais que consideraram maus-tratos. Eles afirmaram que foram impedidos, ao serem presos, de ligar para seu advogado, Ariovaldo Moreira, que acompanhou a audiência nesta terça.

O juiz da 10ª Vara negou pedidos de liberdade dos investigados na Operação Spoofing. Os requerimentos foram feitos pelos advogados de defesa após audiência de custódia com os suspeitos de hackear Moro, procuradores da Lava Jato e outras autoridades.

Walter Delgatti Neto, Gustavo, Suelen e Danilo Marques permanecerão no cárcere até, pelo menos, amanhã, quando termina o prazo da prisão temporária. O juiz autorizou um banho de sol ao dia para eles.

Suelen chorou no depoimento apontando maus-tratos, agressão psicológica e uso de algema no avião ao ser transportada para Brasília. A defesa dela pediu transferência da prisão feminina conhecida como "Colmeia" para a sede da Superintendência da Polícia Federal no DF. O juiz autorizou.

"Os policiais entraram em casa, já fui agredido verbalmente desde o momento que estouraram a porta, porque eu estava dormindo. Desde o começo eu colaborei, deixei eles super à vontade, mas fui bem agredido verbalmente. 'Hacker, bandido, tá preso, perdeu'", narrou Elias Santos.

Já Suelen disse que só pôde tomar banho depois de dois dias presa, e por determinação do delegado Luís Flávio Zampronha, que conduz o inquérito. "Me trataram mal, fizeram muitas piadinhas, fiquei sem papel higiênico, sem absorvente, tive que tomar água do chuveiro", disse Suelen. "Não quero voltar mais lá (na penitenciária feminina do Distrito Federal). Eu não tenho nada a ver com isso", afirmou, chorando.

STF

Já o PDT entrou com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, no Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de medida liminar, para que o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) "se abstenha de destruir provas colhidas com os hackers" presos pela Operação Spoofing, na semana passada. O processo foi distribuído para o ministro Luiz Fux.

O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, voltou a dizer, nesta terça-feira, que o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, cometeu crime ao divulgar informações que teriam sido obtidas por hackers.

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