Horário eleitoral vai exibir versão moderada de Bolsonaro e Haddad

A propaganda gratuita no rádio e TV volta hoje ao ar. A disputa do segundo turno traz discursos menos radicais dos candidatos do PSL e do PT, que tentam conquistar eleitores indecisos, a classe média e o mercado financeiro

Escrito por Redação ,

Hoje, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) voltam a estrelar o horário eleitoral gratuito de rádio e TV, mirando os indecisos, a classe média e o mercado, antes da votação do segundo turno, no dia 28. Os dois candidatos à Presidência da República estão em acelerado processo de suavização de suas imagens, a fim de reduzir suas taxas de rejeição.

Enquanto o petista se aproxima da Igreja Católica, tira de seu material de campanha a cor vermelha e a imagem do ex-presidente Lula, preso em Curitiba, o capitão reformado do Exército prega agora a favor do Bolsa Família, um dos programas que simbolizam o lulismo, e passou a descartar privatizar estatais, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, Furnas e a Eletrobrás.

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Por sua vez, Haddad acenou para o público religioso, uma das forças do rival no primeiro turno. Ontem, ele destacou suas concordâncias com temas que a Igreja Católica "considera essenciais", relacionados à violência, ao meio ambiente, à corrupção, ao aborto e à preservação das instituições democráticas.

"Nosso programa prevê ações alinhadas a esses princípios", declarou Haddad a repórteres após reunião em Brasília com o secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Leonardo Steiner.

Bolsonaro ganhou apoio generalizado das influentes igrejas evangélicas e também tem grande aceitação entre os católicos, no País com o maior número de fiéis no mundo dessa religião. Segundo a primeira pesquisa realizada após o primeiro turno eleitoral, 46% dos católicos apoiam Bolsonaro contra 40% de Haddad. Entre os evangélicos, Bolsonaro tem 60% e Haddad, 25%.

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu um comunicado no qual afirmou que Haddad "não veio pedir apoio".

Vídeos

A campanha de Haddad também começou a veicular vídeos para apresentar mais o candidato ao eleitor, na esteira da estratégia de reforçar a personalidade do petista e descolá-lo da imagem de substituto de Lula. Em um dos filmes, Haddad se apresenta aos internautas como professor, amante de bicicleta e de x-salada em uma sequência de perguntas sobre o motivo de ter escolhido a profissão de educador e o prato predileto.

"Um domingo perfeito para mim é sair de casa num dia de sol, de preferência, caminhar na Paulista, dar uma pedalada, voltar para casa e tocar um violão com o Frederico, ouvir o piano da Carol, assistir a um filminho e comer uma pizza à noite", diz o candidato, citando o nome dos filhos.

Bolsa Família

Na busca pelos votos do eleitorado de menor poder aquisitivo, a campanha de Bolsonaro incluiu a proposta de um 13.º salário para os beneficiários do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda dos governos petistas.

Em vídeo divulgado por aliados do Nordeste, região que tem 6,9 milhões de famílias beneficiadas, Bolsonaro disse que o aumento de despesa será coberto por recursos que seriam gerados com a repressão a supostos benefícios irregulares. Ele não estimou valores. "Essa despesa vamos tirar da fraude no programa", disse.

O presidenciável relatou que a proposta foi apresentada pelo general Hamilton Mourão, candidato a vice na sua chapa, ao economista Paulo Guedes, conselheiro da campanha. A estratégia do candidato foi minimizar o impacto de declarações polêmicas de Mourão, especialmente para os eleitorados nordestino e feminino. Antes do primeiro turno, o general da reserva criticou os pagamentos do 13.º salário e do abono de férias. Também declarou que filhos criados por mulheres estão mais propensos a serem cooptados pelo tráfico.

Mercado

Suavizar a imagem de Haddad para torná-lo mais palatável para a classe média e os bancos pode virar um tiro no pé. É o que pensa o ex-presidenciável do PSOL. Um aceno ao mercado seria "o pior erro" que Haddad "poderia cometer nesta campanha", alertou Guilherme Boulos (PSOL), para quem o petista não deve se enturmar com os banqueiros.

O PT ainda resiste a serenar os ânimos do mercado apontando desde já nomes para uma eventual equipe econômica de Haddad. O petista, contudo, escalou auxiliares para fazer pontes na área, zelando por um tom moderado.

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