Deputados eleitos pela oposição admitem diálogo com o Governo

No início da primeira gestão de Camilo Santana, os 14 opositores eleitos chegaram a dizer que não fariam parte da base do governador. Quase quatro anos depois, a bancada de oposição foi reduzida para apenas seis deputados

Escrito por Miguel Martins ,

Mais reduzida do que a bancada eleita em 2014, a oposição ao Governo do Estado na Assembleia Legislativa pretende se reunir nas próximas semanas para traçar metas de atuação, a partir de fevereiro de 2019. No entanto, mesmo com renovação após perdas sofridas na atual legislatura, a representação oposicionista na Casa corre o risco de ser ainda mais diminuta.

Isso porque, mesmo que a futura bancada seja numericamente superior à atual, nem todos os eleitos com discurso oposicionista garantem que terão atuação mais incisiva em relação à administração estadual no Legislativo. Alguns, inclusive, defendem maior diálogo com o governador Camilo Santana (PT).

No pleito de 2014, ao menos 14 deputados estaduais foram eleitos pela oposição ao novo Governo do Estado. Na ocasião, o Diário do Nordeste questionou cada um dos parlamentares sobre a atuação que teriam ao longo da atual legislatura, iniciada em 2015. Eles declararam que se manteriam como oposicionistas durante todo o mandato.

Atualmente, porém, somente seis fazem oposição efetiva à gestão de Camilo: Capitão Wagner (PROS), Roberto Mesquita (PROS), Carlos Matos (PSDB), Fernanda Pessoa (PSDB), Renato Roseno (PSOL) e Heitor Férrer (SD). Nem todos estes têm atuação conjunta como bancada oposicionista. Ely Aguiar (DC), por sua vez, diz ter atuação independente, embora esteja mais alinhado à oposição na Casa.

Para a legislatura de 2019 a 2022, foram eleitos ou reeleitos para a Assembleia os opositores André Fernandes (PSL), Renato Roseno (PSOL), Vitor Valim (PROS), Fernanda Pessoa (PSDB), Heitor Férrer (SD), Nelinho (PSDB), Delegado Cavalcante (PSL) e Soldado Noélio (PROS).

Diálogo

A depender do secretário-chefe da Casa Civil, Nelson Martins, esse número de opositores eleitos pode ser reduzido, uma vez que a tendência é que Camilo Santana abra uma rodada de diálogo com cada um dos 46 deputados.

"Eu, pessoalmente, já estou tomando essa iniciativa. Existem alguns, a gente sabe, que não pretendem ter relação com o Governo. Mesmo assim, queremos ter um bom diálogo com todos", afirma.

Nelinho, que declara ser de "oposição natural", ponderou que não foi chamado para conversar, mas disse que está pronto para ouvir. "Eu sou de grupo e não tomei posição ainda", afirmou, em relação à segunda gestão de Camilo Santana.

O deputado eleito Delegado Cavalcante, atualmente no PSL, já foi integrante da bancada governista e membro do PDT. Ele lembra, porém, que deixou a base por discordâncias ideológicas. "Me tinham como rebelde".

Em sua primeira gestão, Camilo Santana teve que enfrentar uma bancada de oposição bem mais robusta do que a de seu antecessor, Cid Gomes. No fim do governo do atual pedetista, ele tinha como opositores na Assembleia Legislativa apenas Heitor Férrer, Fernanda Pessoa, Eliane Novais e Roberto Mesquita.

Adesões

A partir de diálogos realizados com os parlamentares eleitos em 2014 e da reaproximação com o MDB, comandado no Estado pelo senador Eunício Oliveira, o governador petista viu, aos poucos, a oposição na Casa ser reduzida.

O rompimento na base aliada que levou alguns partidos para a oposição quando do processo de extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), em 2017, também não teve efeitos duradouros: já neste ano, o Solidariedade (SD), do deputado federal Genecias Noronha, e o PSD, do deputado federal Domingos Neto e do pai, Domingos Filho, voltaram a compor a base aliada antes da eleição.

Após o pleito deste ano, contudo, a oposição, até então sustentada, principalmente, pelo PSDB e pelo PROS, ganhou o reforço do PSL, que não tem representantes no Legislativo e passará a ter uma bancada com dois nomes.

Vitor Valim assegura que fará contraponto ao Governo Camilo Santana, visto que foi eleito para isso. Ele destaca, porém, que não fará uma "oposição xiita". Na mesma linha, Soldado Noélio sinaliza que está à disposição para ouvir o governador, mas frisa que vai sugerir propostas e votar matérias da gestão de acordo com os interesses da população.

Apesar de ter votado no petista Fernando Haddad para presidente no segundo turno, Renato Roseno diz que seguirá fazendo oposição ao governador. Por motivos históricos, Fernanda Pessoa também seguirá nesta toada, assim como o deputado Heitor Férrer.

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