Defensor do combate ao "marxismo" nas universidades toma posse no MEC nesta terça

Bolsonaro empossa economista Abrahm Weintraub, que se define como liberal e seguidor da Bíblia

Escrito por Redação ,
Legenda: Abraham Weintraub vai substituir Ricardo Vélez Rodríguez no comando do Ministério da Educação
Foto: Agência Brasil

O Governo Bolsonaro deu carta branca para o novo ministro da Educação e espera que a troca de comando retire o MEC da berlinda. Como sinalizado desde o fim de março, o filósofo colombiano naturalizado brasileiro Ricardo Vélez Rodríguez foi demitido, nesta segunda-feira (8), e Abraham Weintraub, economista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), assumirá o cargo. Trata-se da segunda mudança na equipe ministerial - a primeira saída foi de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência, em fevereiro.

Professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Abraham é mestre em finanças pela FGV e executivo do mercado financeiro. Em seu currículo Lattes, na plataforma CNPq, o novo ministro informa que já atuou como CEO da Votorantim Corretora no Brasil e que atua há 20 anos no mercado financeiro.

Abraham é especialista em Previdência e tem 15 livros publicados. Ele se define como liberal, seguidor da Bíblia. Quando indagado sobre o fato de ser nome desconhecido, responde que ele e o irmão são conhecidos no exterior. O irmão já foi pesquisador em Harvard, nos EUA.

O novo ministro da Educação contou por diversas vezes que começaram a ser perseguidos dentro da universidade depois que o vínculo com Bolsonaro se tornou público. Há estudos dos dois sobre Previdência no site da Unifesp, mas a assessoria de imprensa ressalta que eles não representam o pensamento da instituição. Ele participou da elaboração da proposta de reforma da Previdência junto com técnicos da equipe econômica.

Perfil

Abraham já defendeu combater o "marxismo cultural nas universidades". Foi justamente esse perfil ideológico do ex-secretário-executivo da Casa Civil que fez com que o presidente Jair Bolsonaro o confirmasse para o cargo, apurou a reportagem com uma fonte do Palácio do Planalto.

"Foi uma das pessoas que muito cedo acreditou na candidatura de Jair Bolsonaro. Foi, junto com muitas outras pessoas, um dos formuladores do plano de governo de Bolsonaro e é uma pessoa muito importante nas tomadas de decisões de rumo do nosso Governo", disse o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil).

Para o ministro, o presidente ganha com um "aliado leal" e capaz no MEC, "um administrador competente e honesto que sabe que a educação brasileira precisa ser transformada para verdadeiramente ser o caminho para que crianças e adolescentes possam construir uma vida melhor para si e para suas famílias".

A posse do novo ministro será nesta terça-feira (9), às 14h, no Palácio do Planalto. Segundo o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, Bolsonaro escolheu Abraham porque "pesou a experiência dele no setor de educação, no setor privado e particularmente na área de gestão" e que ele terá carta branca para nomear cargos.

Disputas de poder

A saída de Vélez se deu num contexto de queda de braço entre setores que disputam a influência no Governo: a ala militar e a ala "ideológica", a de Vélez, indicado pelo escritor Olavo de Carvalho

Envolvido em Polêmicas

Vélez se envolveu em várias polêmicas: afirmou que os militares não deram um golpe nem instauraram uma ditadura em 1964. Também pediu que os alunos fossem filmados cantando o hino nacional

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