Congresso quer ouvir jornalista sobre supostas mensagens de Moro

Conselho de Comunicação Social aprovou audiência com o editor do Intercept Brasil, Glenn Greenwald, para 1º de julho

Escrito por Redação ,
Legenda: Bolsonaro e Moro em solenidade de assinatura da MP para Confisco de Bens de Traficantes
Foto: Foto: PR

O caso das mensagens vazadas envolvendo o ministro Sergio Moro (Justiça) e procuradores da Lava Jato começa a ganhar espaço na agenda do Congresso. Nesta segunda-feira, o Conselho de Comunicação Social do Congresso aprovou a vinda do americano Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil. A audiência com o jornalista foi marcada para 1º de julho.

Na próxima quarta-feira, o ministro vai à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para prestar esclarecimentos sobre o caso. Desde o dia 9 de junho, o site publica trechos de conversas mantidas através de redes sociais por Moro com procuradores da Lava Jato entre os anos de 2015 a 2018. Nos diálogos (aos quais, o ministro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na semana passada, disse "não reconhecer autenticidade"), ficaria evidenciada a condução política da operação contra o PT e o ex-presidente Lula, segundo o site de notícias de Greenwald.

Nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro exaltou Moro, durante cerimônia de assinatura de uma medida provisória que permite o confisco de bens de traficantes, realizada no Palácio do Planalto.

"Um homem símbolo e que quer mudar seu país", disse Bolsonaro sobre Moro.

O presidente lembrou que Moro abriu mão de 22 anos de magistratura para compor o seu Governo, para seguir sua vontade de "combater o crime organizado, a lavagem de dinheiro e a corrupção".

"Não é qualquer pessoa que faz isso pela sua pátria", afirmou Bolsonaro. Em seguida, completou: "É motivo de honra, satisfação, orgulho, não só para mim, mas todos os brasileiros de bem, tê-lo nessa função em que se encontra".

O caso envolvendo Moro segue gerando comentários entre autoridades em Brasília.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux disse, nesta segunda-feira, em palestra, que o juiz deve ser "olimpicamente independente", mas evitou comentar os diálogos travados por Moro.

"Esse caso eu não quero comentar, até porque tenho profundo respeito por esse magistrado (Moro), e não quero me imiscuir na independência dele, assim como não gostaria que ele comentasse qualquer atividade minha", afirmou Fux, ao ser questionado, após a palestra, se o ministro havia sido independente nos processos relacionados à Lava Jato.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, afirmou, ontem, que "é caso de polícia" o ataque de hackers a comunicações pessoais e vazamento de diálogos atribuídos a procuradores da Lava Jato e ao ex-juiz.

Alexandre defendeu prisão para os hackers. "A ação (dos hackers) é questão de polícia. Eles devem ser alcançados, devem ser punidos, devem ser presos", afirmou o ministro.

Investigação

Em maio, a Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da Lava Jato.

Já no início de junho outra investigação foi aberta para apurar ataques ao celular de Moro. A procuradora-geral da República Raquel Dodge defende que a investigação em relação aos ataques cibernéticos criminosos contra membros do Ministério Público Federal seja unificada.

Ameaças de morte
Casado com o jornalista Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) encaminhou à Polícia Federal denúncias sobre ameaças de morte, as quais diz estar recebendo após a divulgação de mensagens atribuídas a Moro.

Nota do deputado
“As ameaças que venho sofrendo via e-mail nas últimas semanas não vão interferir na minha conduta como deputado federal. Permaneço atuando com o vigor de sempre, em defesa das causas sociais e dos Direitos Humanos”, escreveu Miranda em nota.

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