Com três ministérios, Democratas se fortalece no futuro governo

Luiz Henrique Mandetta é confirmado na Pasta da Saúde. Partido de Rodrigo Maia e ACM Neto também vai comandar a Casa Civil e a Agricultura

Escrito por Redação ,

O anúncio do futuro ministro da Saúde mostra o fortalecimento do DEM na composição do governo de Jair Bolsonaro (PSL). Até 2007, o Democratas se chamava PFL (Partido da Frente Liberal). A sigla é presidida por ACM Neto, prefeito de Salvador (BA) e reúne nomes como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). No Ceará, o vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan, também é filiado ao DEM.

Ontem, o presidente eleito confirmou o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) como ministro da Saúde. Ele é o terceiro convocado do DEM e comandará um orçamento estimado em R$ 128 bilhões para 2019.

"Confirmo o marechal Mandetta, que se Deus quiser assumirá ano que vem com essa enorme missão", disse Bolsonaro em reunião com deputados da bancada da saúde e representantes da Associação das Santas Casas.

Amigo do chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Mandetta, 53 anos, é médico ortopedista e tornou-se um dos cotados depois de receber apoio de figuras importantes como o governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).

Mandetta colaborou com propostas sobre saúde para o programa de Bolsonaro. O presidente eleito chegou a citá-lo no programa Roda Viva (TV Cultura), antes do 1º turno. Ao responder sobre mortalidade infantil, Bolsonaro disse que é necessário dar atenção à saúde bucal das grávidas. Fazia referência à atuação de Mandetta como secretário de Saúde de Campo Grande (MS). Segundo Mandetta, ao implantar consultas odontológicas no pré-natal, a prematuridade e a mortalidade infantil caíram no município.

O futuro ministro é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeitas de ter favorecido duas empresas (a Telemídia e a Alert) num contrato de R$ 9,9 milhões assinado com a Secretaria de Saúde de Campo Grande (MS), no período em que ele comandou a Pasta. No inquérito a PGR cita uma viagem de Mandetta a Portugal, em 2010, como um indício de sua relação de proximidade com as empresas, que arcaram com os custos do giro europeu na ocasião. Mandetta nega irregularidades.

Polícia Federal

Já o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, anunciou, ontem, o nome do atual superintendente da Polícia Federal no Paraná, Maurício Valeixo, para comandar a Corporação.

"Ele tem a missão de fortalecer a Polícia Federal para que ela possa direcionar suas investigações, principalmente com foco em corrupção e crime organizado".

Valeixo era o principal cotado para assumir a chefia da PF por sua proximidade com o ex-juiz federal no âmbito da Lava Jato em Curitiba.

Já a delegada Érika Marena, uma das coordenadoras da primeira fase da Operação Lava Jato em Curitiba, vai chefiar o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça. Érika atuou até 2016 na Lava Jato, tendo sugerido o nome da operação, e também na polêmica Operação Ouvidos Moucos, que levou ao suicídio do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Luiz Carlos Cancellier.

"A delegada tem minha plena confiança. O que aconteceu em Florianópolis foi uma tragédia, algo muito trágico, e toda solidariedade aos familiares do reitor, mas foi um infortúnio, um imprevisto no âmbito de uma investigação. A delegada, não tem responsabilidade quanto a isso".

Moro também elogiou a escolha de Bolsonaro em manter o atual ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Wagner Rosário, no cargo. "A escolha é do presidente, mas é uma boa escolha". Moro disse não ter participado da decisão.

O Ministério da Saúde, que tem verba de R$ 128 bilhões para 2019, será comandado por Luiz Henrique Mandetta, deputado do DEM, partido que passa a contar com 3 pastas no governo.

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