Cid cobra mea-culpa e bate boca com petistas em ato pró-Haddad

Evento organizado pelo governador Camilo Santana (PT), na noite de ontem, para fortalecer a candidatura do presidenciável do partido no Ceará, foi marcado por discurso inflamado de Cid e reações de militantes petistas

Escrito por Márcio Dornelles , marcio.dornelles@diariodonordeste.com.br

Seria um evento para agregar eleitores e intensificar os atos em favor do candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, mas o roteiro teve imprevistos. A convite do governador Camilo Santana (PT), o senador eleito Cid Gomes (PDT) compareceu a evento pró-Haddad na noite de ontem, em um hotel em Fortaleza, mas discutiu com militantes quando fez críticas ao PT por "erros" cometidos. Cid afirmou que, sem mea-culpa da legenda, seria "bem feito perder a eleição".

A declaração do pedetista foi a primeira da noite e ele mesmo, no início do discurso, alertou que foi "tomado de surpresa" ao ser colocado em situação "constrangedora". "Todo mundo sabe que eu votei em outro candidato no primeiro turno. E isso não é uma transição tão fácil. E acho que, para essa transição acontecer, muita coisa teria que ter acontecido", comentou, próximo a Camilo Santana.

"Conheço Haddad, é uma boa pessoa, tenho zero problema de votar no Haddad, mas aí fica para algum companheiro do PT que me suceda na fala, (que) se quiser dar um exemplo para o País, tem que fazer mea-culpa, tem que pedir desculpas, ter humildade de reconhecer que (os governos petistas) fizeram muita besteira", disse.

"Ciro deve se preservar e pensar em 2022", afirma Cid Gomes

Interrompido por um eleitor, Cid continuou: "É assim? É? Pois tu vai perder a eleição. Não admitiram os erros que cometeram. Isso é para perder a eleição e é bem feito perder a eleição".

Entre vaias de petistas, ele apontou para o militante. "Quem, junto com ele, acha que fez tudo certo, muito bem, pois vão, vão, vão, e vão perder feio porque fizeram muita besteira, porque aparelharam as repartições públicas, porque acharam que eram donos de um País e o Brasil não aceita ter dono, é um País democrático".

Cid lembrou a outro militante que "Lula está preso, babaca", e tentou encerrar a conturbada participação pedindo votos para Haddad, mesmo afirmando não ter participado da situação em que o Brasil se encontra. Ele entregou o microfone sem oficializar o posicionamento no segundo turno. Antes do evento, entretanto, Cid afirmou que Haddad era um "mau menor".

Panos quentes

Coube ao governador Camilo Santana (PT) colocar panos quentes no ambiente tenso, quando afirmou que o grupo político é como uma família. "A gente tem uma discussãozinha com irmão, irmã, pai e mãe, mas somos uma família e temos o único objetivo. É claro que se formos fazer uma análise política dos últimos anos no Brasil... Mas o nosso objetivo aqui não é esse", disse.

Camilo, que apoiou tanto Haddad quanto Ciro Gomes ao Palácio do Planalto, pediu disposição aos eleitores e correligionários para "dar a vitória aqui no Ceará ao 13".

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