Camilo comunica a Dilma sua decisão de apoiar o prefeito

O governador só tem dito a petistas que vota em Roberto Cláudio. Ele agora vai dizer que quer o PT com o prefeito

Escrito por Edison Silva - Editor de Política ,
Legenda: O governador Camilo Santana já tem na sua agenda o encontro com a presidente Dilma para tratar da sua posição na eleição de Fortaleza
Foto: FOTO: POMPEU VASCONCELOS

O governador Camilo Santana (PT) primeiro dirá, nos próximos dias, à presidente Dilma Rousseff (PT), e em seguida à direção nacional do seu partido, as razões pelas quais apoia a reeleição do prefeito Roberto Cláudio (PDT) e defende a não indicação de um candidato do PT a prefeito de Fortaleza.

Cumprida essa etapa do roteiro por ele próprio traçado para se envolver na disputa municipal da Capital, Camilo chamará ao confessionário os petistas locais, a começar pelos mais próximos a ele e ao Governo, deixando os insurretos para a etapa seguinte. No dia 8 de novembro do ano passado nós anunciamos esses contatos do governador.

Camilo, embora seja pessoa de diálogo, no caso da eleição deste ano em Fortaleza, nas poucas conversas sobre seu posicionamento, não transmite qualquer impressão de transigir ou ceder a argumentos contrários à manutenção da aliança que o levou à chefia do Executivo cearense, iniciada pelo PT com Cid Gomes (PDT), ainda em 2006, da qual, na época já fazia parte Roberto Cláudio como deputado estadual.

Dificultar

A argumentação sobre uma provável postulação presidencial de Ciro Gomes (PDT) em 2018, já aventada, confrontando com um nome da sua agremiação, não o demove da defesa, reiteradamente anunciada, de o PT apoiar a pretensão do atual prefeito de permanecer no cargo.

Além de alegar gratidão, dever moral, e expectativa de ser retribuído em 2018, se candidato à reeleição, Camilo advertirá as lideranças do Governo e da sua agremiação para a importância emprestada pelo PDT à disputa na Capital cearense e o envolvimento pessoal de Ciro Gomes contrário ao processo de impeachment da presidente.

Uma desafeição a essa empreitada do grêmio governista poderia dificultar a convivência da direção nacional pedetista com o Governo Dilma, e em alianças imprescindíveis ao PT em diversos outros municípios brasileiros. As dificuldades da gestão petista nacional, no seu entendimento, não devem ser agravadas por questões de caprichos de alguns aliados fortalezenses.

Indiscutivelmente, além da determinação pessoal de ficar ao lado do prefeito na disputa deste ano, já explicitada em várias outras oportunidades, como neste espaço destacamos, Camilo não vislumbra apenas os ruídos no cenário nacional entre integrantes do seu partido e o do ex-governador Cid Gomes.

Ele tem ideia das possíveis consequências políticas locais para sua gestão, daqui até o seu fim, caso não vergue os poucos defensores de candidatura própria à Prefeitura de Fortaleza, mesmo reconhecendo sua boa vontade em facilitar a caminhada do atual gestor municipal.

Claramente

Até aqui, o governador só tem falado, parcimoniosamente, sobre sucessão na Capital, com os correligionários que o abordam. A todos tem dito apenas que vota no atual prefeito. A partir de após cumprida a agenda com Dilma, e outras lideranças, a conversa dele com os do seu partido será bem mais enfática.

A eles será dito, bem claramente, delicadamente, porém em tom incisivo, que a recusa em acompanhá-lo na empreitada, é declaração de rompimento com o Governo.

Camilo demonstra confiança em alcançar o seu objetivo. Ele não trabalha com outra ideia senão a de estar ao lado do prefeito na campanha. Realidade, no entanto, que só acontecerá, por força de disposição legal, se o seu partido não tiver candidato, ou que do PT ele se desfilie. A sugestão de acatar a apresentação de um nome para fazer de conta em concorrer, partida daqueles seus aliados inseguros quanto ao resultado final do seu trabalho, não o agrada. Ele diz que vai estar no palanque de todos os candidatos do PDT no Estado, como Cid estará nos dos petistas ao longo da campanha.

Outros

Todos os candidatos a prefeito de Fortaleza, neste ano, preparam os acertos finais de suas respectivas alianças. Não importa o fato de a nova legislação eleitoral ter diminuído o prazo da campanha. Da parte de alguns há pressa na conclusão dos acordos. Heitor Férrer (PSB) aguarda a manifestação do senador Tasso Jereissati (PSDB), ainda em fevereiro, para definir se os seus respectivos partidos vão ou não estar coligados.

Heitor aposta em candidato a vice-prefeito indicado pelo PSDB, embora, também, o presidente estadual do seu grêmio, deputado federal Danilo Forte, tenha mantido conversa com o deputado federal Pastor Ronaldo (PRB), embora os vereadores de Fortaleza do PRB estejam bem ligados ao atual prefeito.

O deputado estadual Capitão Vagner (PR) também quer uma aliança com o PSDB. O presidente de honra do PR, Roberto Pessoa, admite a possibilidade de aliança com os tucanos, reconhecendo uma certa dificuldade de conversar mais claramente com o senador Eunício Oliveira, presidente estadual do PMDB. O certo é que com ou sem aliança com qualquer outro partido, Vagner estará na disputa, diz Roberto.

O deputado estadual Renato Roseno (PSOL) é o que parece guardar mais tranquilidade quanto ao futuro de mais uma sua candidatura a prefeito da Capital cearense. O deputado Vitor Valim ainda não conseguiu se viabilizar dentro do PMDB e pode acabar trocando de partido para concretizar o seu projeto.

Na última semana o deputado estadual Walter Cavalcante (PMDB) reclamava um encontro dele e o deputado Valim com o senador Eunício Oliveira, para definirem suas situações dentro do partido. Walter embora tenha filiado um seu irmão para ser candidato a vereador em Fortaleza, em um dos partidos comandado por Roberto Cláudio, diz que o PMDB deve lançar Valim como candidato a prefeito de Fortaleza.

O Pastor Ronaldo, outro parlamentar que se anuncia candidato, ainda de todo não está viabilizado, embora tenha o controle do PRB. O deputado Moroni Torgan, nos próximos dias anunciará sua adesão à campanha de Roberto Cláudio.

Secretariado

O prefeito Roberto Cláudio faz mudança no seu secretariado, ainda em fevereiro, para acomodar aliados de novas siglas. Do PSC e do PMB sairão secretários municipais. O PMB e o PSD são os dois partidos que garantem a parcela maior de tempo da propaganda eleitoral ao prefeito. O PSD que forma um bloco parlamentar na Assembleia com o PMB, está contemplado no Governo, embora esteja trocando de nome no secretariado de Camilo. Está acertada a volta de Osmar Baquit para o Legislativo, permitindo, no início de março, a entrada do deputado Odilon Aguiar no secretariado estadual.

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