Bolsonaro tem sua primeira semana dominada por política externa

Nos últimos dias, o presidente concentrou seu discurso e atenção em questões internacionais

Escrito por Redação ,
Legenda: Presidente da República participou, nesta sexta-feira, de cerimônia de formatura de novos diplomatas
Foto: Agência Brasil

Pela primeira vez desde sua posse, o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) fechou uma semana totalmente dominada por assuntos de política externa. A tentativa frustrada da oposição venezuelana de depor o presidente Nicolás Maduro, na última terça-feira, colocou o Palácio do Planalto no centro do noticiário internacional, com expectativas de um possível anúncio de intervenção militar no país vizinho.

Maduro, apoiado pela Rússia, China e forças de segurança leais ao chavismo, resistiu e não caiu com o princípio de rebelião entre um pequeno grupo de militares desertores.

Em suas falas nesta tensa semana na América Latina, Bolsonaro enfatizou sua preferência por soluções pacíficas para a crise venezuelana, mas deixou aberta a possibilidade de mudar de ideia.

"Eles (diplomatas) que nos evitam entrar em guerra, muito simples. Quando acaba a saliva entra a pólvora. Não queremos isso. Temos que tentar a solução dos conflitos de forma pacífica", disse Bolsonaro, nesta sexta-feira, em tom genérico.

"Se você não enfraquecer o Exército da Venezuela, o Maduro não cai", teorizou.

Na cerimônia de formatura da turma do Instituto Rio Branco, o presidente fez questão de prestigiar a carreira diplomática. Bolsonaro anunciou que decidiu manter o concurso a ser realizado em 2019 e "nos demais anos" para o Instituto Rio Branco.

O Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) é o processo seletivo para ingresso na carreira de diplomata, que vem sendo realizado pelo menos uma vez por ano desde 1996.

Argentina

Além da "guerra" entre a oposição e o regime venezuelano, Bolsonaro elegeu outro foco externo de preocupação do Governo: a eleição presidencial na Argentina, importante parceiro comercial do Brasil.

As recentes pesquisas sobre as eleições de outubro na Argentina apontam que Cristina Kirchner tem chances de voltar ao poder, um cenário que desagrada Bolsonaro, já que a ex-presidente tem o apoio de nomes petistas, como Lula e Dilma Rousseff. A crise econômica no país vizinho reduz a aposta de reeleição de Mauricio Macri, opção alinhada com Bolsonaro e com os EUA.

"Além da Venezuela, a preocupação de todos nós deve voltar-se um pouco mais ao sul, para a Argentina, para quem poderá voltar a comandar aquele país. Não queremos, acho que o mundo todo não quer, uma outra Venezuela mais ao sul do nosso continente", disse o presidente, em alusão ao que seria uma nova gestão de Cristina Kirchner.

Nova York

Na noite desta sexta-feira, Bolsonaro anunciou que desistiu de uma viagem a Nova York, antes prevista para o dia 14, quando receberia o prêmio de "Personalidade do Ano", em jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-EUA.

O Planalto explicou, em nota: "O Presidente da República agradece a homenagem proposta pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, ao escolhê-lo Personalidade do Ano de 2019. Entretanto, em face da resistência e dos ataques deliberados do Prefeito de Nova York e da pressão de grupos de interesses sobre as instituições que organizam, patrocinam e acolhem em suas instalações o evento anualmente, ficou caracterizada a ideologização da atividade".

Viagens ao exterior

O chanceler Ernesto Araújo embarca neste domingo para uma viagem a três países que estão alinhados sob o ponto de vista político com o Governo do presidente Jair Bolsonaro: Itália, Hungria e Polônia.

Busca por investimentos

Araújo quer aproveitar esse bom relacionamento com nações comandadas por líderes de direita para buscar investimentos em infraestrutura para o Brasil e aumentar as exportações de produtos da indústria de defesa, como aeronaves da Embraer e armas.

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