Bolsonaro, Maia, Alcolumbre e Dodge são citados como alvos de ataque cibernético

Investigações da PF descobriram que a quadrilha de hackers mirou os celulares das principais autoridades dos três poderes

Escrito por Redação ,
Legenda: Os aparelhos celularesde Jair Bolsonaro foram alvo do grupo de hackers, informou o Ministério da Justiça
Foto: Foto: PR

Novas revelações da Operação Spoofing, que prendeu quatro suspeitos de invadir celulares de autoridades dos Três Poderes, além de quase mil pessoas, expõem as fragilidades de segurança digital nos bastidores do poder, em Brasília. Nesta quinta-feira, Ministério da Justiça informou que aparelhos celulares utilizados pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) foram alvo de ataques do grupo de hackers detidos, na terça.

"O Ministério da Justiça e Segurança Pública foi, por questão de segurança nacional, informado pela Polícia Federal de que aparelhos celulares utilizados pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, foram alvos de ataques pelo grupo de hackers preso na última terça-feira (23). Por questão de segurança nacional, o fato foi devidamente comunicado ao Presidente da República", informou a Pasta, em nota.

Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), também foram vítimas de ataques cibernéticos. O ministro Sergio Moro (Justiça) ligou para os alvos, nesta quinta-feira, para tentar comunicá-los.

Maia já foi avisado. Davi chegou a ficar incomunicável, nesta quinta-feira. Segundo sua assessoria, o presidente do Senado estava em um evento religioso em cidade do interior do Amapá, sem sinal de telefone.

Segundo as informações da PF, mais de mil pessoas podem estar na lista de alvos dos hackers. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também está na relação. Em alguns casos, os ataques cibernéticos tiveram sucesso, mas em outros não.

Para a PF, Walter Delgatti Neto, preso na terça sob suspeita de atuar como hacker, foi a fonte do material que tem sido publicado, desde junho, pelo site The Intercept Brasil com conversas de autoridades da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Delgatti disse que encaminhou as mensagens ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site, de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira.

Motivação

Delgatti disse que decidiu entregar os dados para a revista eletrônica inspirado no exemplo do ex-analista de inteligência americana Edward Snowden. O especialista em tecnologia se tornou famoso depois de repassar para os jornais "The Guardian" e "Washington Post" provas sobre espionagem extraídas do serviço de inteligência dos EUA contra chefes de governo e políticos em vários países, entre eles a ex-presidente Dilma Rousseff.

Delgatti teria passado uma parte dos dados ao Intercept usando o aplicativo Telegram. Depois, criou um mecanismo específico para repassar os arquivos mais pesados. Ele não citou, em seu depoimento, ter tido a intenção de vender as informações para o PT ou para qualquer outro comprador.

Em um depoimento, o DJ Gustavo Henrique Elias Santos, outro preso pela Operação Spoofing, disse que Delgatti, seu amigo, manifestara, há três meses, desejo de vender o "produto" para alguém do PT. Também estão presos Suellen Priscila, mulher do DJ, e Danilo Cristiano Marques. A Polícia considera importante a colaboração de Delgatti, mas entende que é necessário aguardar os laudos periciais e checar alguns dados antes de concluir a apuração do caso.

Aviso às vítimas

Sergio Moro, afirmou que as "centenas de vítimas" de ataques hacker serão comunicadas pela Polícia Federal ou pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Sem proteção

Segundo Moro, "ninguém foi hackeado por falta de cautela". "Não havia sistema de proteção hábil. Há uma vulnerabilidade detectada e que será corrigida".

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