Bolsonaro: Congresso não deixará reforma administrativa 'caducar'

O presidente afirmou acreditar que, na votação da MP que reorganiza ministérios em plenário, o Palácio do Planalto conseguirá reverter a transferência do Coaf para o Ministério da Economia, aprovada em comissão

Escrito por Redação ,
Legenda: Na entrevista, Bolsonaro disse também acreditar que o vice-presidente Hamilton Mourão não tem a "pretensão de minar" o Governo
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Em meio a divergências no Congresso Nacional em relação à transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça para o Ministério da Economia, o presidente Jair Bolsonaro disse, ontem, acreditar que o Legislativo não deixará a Medida Provisória da Reforma Administrativa (MP nº 870/2019), que trata da reorganização dos ministérios, "caducar". Em entrevista à Rádio Bandeirantes, ele também voltou a defender a reforma da Previdência.

"Ter mais sete ministérios aqui ninguém aguenta", disse Bolsonaro. A MP - que diminui o número de ministérios de 29 para 22 - caduca no próximo dia 3 de junho e, se não for aprovada até lá, todas as fusões de pastas feitas até agora serão desmanchadas.

O presidente admitiu, porém, que há a possibilidade de recriação de dois ministérios, o das Cidades e da Integração Nacional, que, com a MP, foram colocados no Ministério do Desenvolvimento Regional. Questionado sobre possível indicação de Alexandre Baldy, atual secretário de Transportes de São Paulo, para o futuro Ministério das Cidades, ele disse que recebeu "informe nesse sentido". No Governo de Michel Temer, Baldy comandou o Ministério.

Políticos

Sobre o Coaf, que foi retirado do Ministério da Justiça na comissão mista que analisou a reforma, o presidente disse que, na votação em plenário, o Coaf "tem tudo para voltar para as mãos de Moro". Ele sugeriu, contudo, que não haverá grandes problemas se o Coaf voltar para Economia, já que o ministro Paulo Guedes e Moro poderão trocar informações. "O que não pode é vazar informações do Coaf. No ano passado, vazou muita coisa ao arrepio da lei", disse.

Em 2018, relatório do Conselho identificou movimentações financeiras atípicas do filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ). Ao comentar também sobre o diálogo do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, o presidente afirmou que, em governos anteriores, a política do "toma lá dá cá" não deu certo. Ele ressaltou, contudo, que o atual ministério tem as "portas abertas" para todos os parlamentares.

Bolsonaro defendeu ainda que, com uma "boa reforma da Previdência", o Governo terá "folga de caixa para atender à população". "Tem que dar a vacina no moleque, e a nova vacina no momento é a Nova Previdência".

Ele também respondeu a uma declaração do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho, feita no Dia do Trabalho (1º), quando defendeu que siglas do "Centrão" deveriam "desidratar" a reforma da Previdência para evitar a reeleição dele. "Já que Paulinho falou isso, ele não está pensando no Brasil".

Moro no STF é ‘compromisso’

Na mesma entrevista, o presidente Jair Bolsonaro disse que, na primeira vaga que abrir no Supremo Tribunal Federal (STF), espera cumprir o “compromisso” de indicar o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. “Uma pessoa da qualificação do Moro se realizaria dentro do STF”, afirmou. Bolsonaro disse acreditar que Moro seria um “grande aliado da sociedade brasileira dentro do STF”.

Sobre o pacote anticrime apresentado ao Congresso Nacional pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Bolsonaro afirmou esperar que seja aprovado, mas ponderou que não é “dono da pauta” do Legislativo. “Maia (Rodrigo Maia) é dono da pauta na Câmara e Alcolumbre (Davi Alcolumbre) é dono da pauta no Senado”, frisou. “Não posso exigir, interferir”, completou.

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