Aumento de mortes leva a fechamento de fronteiras e divisas no País

Com 640 infectados e sete mortes, Brasil é o mais atingido na América Latina. Governo Bolsonaro endurece controle das fronteiras, enquanto estados adotam medidas drásticas para conter proliferação do novo coronavírus

Escrito por Redação , politica@svm.com.br

O Brasil é o país da América Latina com o maior número de pacientes infectados com o novo coronavírus. Diante do avanço da pandemia, o Governo Bolsonaro decidiu, ontem, fechar as fronteiras terrestres com oito países da região, com a exceção do trânsito de mercadorias. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, também decidiu editar portaria restringindo a entrada de estrangeiros nos aeroportos brasileiros. Já estados, como o Rio de Janeiro e Santa Catarina, também estão endurecendo o controle de suas divisas, a fim de conter o surto.

Ontem, as secretarias estaduais de Saúde divulgaram 640 casos confirmados de novo coronavírus em 21 estados e no Distrito Federal. O último balanço do Ministério da Saúde, divulgado ontem, contabilizava 621 infectados. O Piauí identificou os três primeiros casos da doença no estado.

Duas mortes foram confirmada no Rio de Janeiro, ontem, pela secretaria de Saúde. Em São Paulo, foram registradas cinco mortes até o momento pelo governo estadual, o que eleva ao total de óbitos no Brasil para sete. O Ministério da Saúde registrou quatro mortes em SP e duas no RJ.

Também ontem, a secretaria de Saúde de Alagoas atualizou o número de 1 para 4 casos. O Rio Grande do Sul registrou mais dois casos confirmados e agora registra 30 infectados. A Secretaria de Saúde do Paraná informou que o estado registra 23 casos. Em São Paulo, o número de casos confirmados do novo coronavírus aumentou de 240 para 286.

O fechamento das fronteiras terrestres do Brasil com os países vizinhos, exceto Uruguai, vai durar 15 dias. “Fica restringida, pelo prazo de quinze dias, contado da data de publicação desta Portaria, a entrada no País, por rodovias ou meios terrestres, de estrangeiros” da Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai e Suriname, indica o decreto.

O texto acrescenta que o Uruguai será objeto de uma determinação posterior. O presidente Jair Bolsonaro já tinha anunciado na última terça-feira o fechamento da fronteira com a Venezuela, com um sistema sanitário fortemente atingido pela crise econômica. A medida explica que o transporte de mercadorias continuará autorizado, assim como a entrada de brasileiros ao país, imigrantes com residência definitiva, profissionais estrangeiros em missão diplomática ou humanitária, entre outros. 

A decisão do Governo Bolsonaro ocorre depois que Argentina, Chile e Colômbia tomaram medidas mais drásticas, ao fechar todas suas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas para evitar um impacto maior do vírus Covid-19. A portaria, cujo prazo pode ser ampliado, explica que a medida foi tomada “por motivos sanitários relacionados aos riscos de contaminação e disseminação do coronavírus SARS-CoV-2”, depois das recomendações da Agencia Brasileira de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Pico

Bolsonaro projetou que em três ou quatro meses o pico do novo coronavírus poderá diminuir no Brasil. A situação da covid-19 deverá se normalizar em seis ou sete meses, afirmou ele em transmissão ao vivo no Facebook.

O chefe do Planalto lamentou a sétima morte registrada no Brasil por causa do vírus. Ele pediu que, nos próximos balanços, o Ministério da Saúde divulgue dados como idade e histórico de doenças das pessoas mortas pelo vírus.

Ontem, mais uma autoridade brasileira anunciou estar com o novo coronavírus. O presidente da Agência Brasileira de Promoção à Exportação (Apex), Almirante Sérgio Segovia, teve teste positivo. Segovia e em isolamento domiciliar. Segovia é o 18º integrante da comitiva que viajou com Bolsonaro aos EUA a contrair o vírus - os ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque, também tiveram resultado positivo.

Estados

Com a pandemia, alguns estados estão tomando medidas drásticas. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), baixou, ontem, um decreto para fechar as divisas do estado. A partir da meia-noite de amanhã, a circulação de transporte interestadual de passageiros com origem em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Distrito Federal estará suspensa. Os demais estados em que a circulação do vírus vier a ser confirmada ou que tiverem estado de emergência decretado também estarão impedidos de adentrar o Rio de Janeiro.

Já o Serviço Funerário da Prefeitura de São Paulo restringiu para dez o número máximo de pessoas que podem permanecer nas salas de velório na capital e limitou o tempo de permanência no local a uma hora, como medida para evitar contágio.

Por sua vez, o governo do Tocantins determinou, ontem, que as forças de segurança fiscalizem o cumprimento dos decretos que estabelecem regras para prevenção ao novo coronavírus no estado, onde há um caso confirmado do novo coronavírus. 

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), anunciou a decisão de isentar 25.000 famílias da cobrança de taxa de água pelos próximos dois meses. Além disso, o corte do serviço para todos os usuários está suspenso por 30 dias. O ES tem 13 casos confirmados do vírus.

O governo de Pernambuco também vai isentar 120 mil habitantes de pagamento da conta de água. Os beneficiários estão enquadrados na categoria de tarifa social.

Já os cruzeiros turísticos estão impedidos de fazer embarques e desembarques no Brasil, segundo informação do Ministério da Saúde ontem.

O governo do Tocantins determinou que as forças de segurança fiscalizem o cumprimento dos decretos com regras para prevenção ao novo coronavírus no estado, onde há um caso confirmado.

Desafios para rastrear o vírus

A transmissão comunitária do novo coronavírus em ao menos seis estados brasileiros preocupa o Ministério da Saúde. O ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou ontem que o crescimento da Covid-19 no Brasil tem ocorrido de forma nacional, em bloco, o que pode dificultar ainda mais o trabalho de monitoramento e controle da doença. Ele destacou que medidas mais duras de prevenção podem ser adotadas na próxima semana caso a população não siga medidas indicadas pela Pasta, como o isolamento social. Os Estados que já registraram a transmissão comunitária, também conhecida como sustentada, são Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. Este tipo de propagação é caracterizado no momento em que não é mais possível identificar a origem da contaminação de uma pessoa naquela cidade.

“À exceção da região amazônica, da região Norte, todas as outras regiões estão fazendo aumentos sistemáticos em bloco. O que poderia ser em uma região, me parece aumentando em bloco em todos os estados. Parece uma coisa vindo em relação a um cenário muito mais de característica nacional do que regional”, avaliou Mandetta. Caso o aumento em bloco se repita da mesma forma na próxima semana, Mandetta avaliou que “vai ser muito mais complexo” para o Governo fazer o acompanhamento do vírus e que será necessário ampliar o sistema pensado para a contenção da doença. O Governo já anunciou medidas específicas para estados que apresentam transmissão comunitária. Uma delas é que qualquer pessoa com sintomas de gripe deverá ser atendidas em unidades de saúde como se estivesse com a Covid-19. Além disso, as pessoas com suspeita de infecção poderão pegar atestado médico para toda família ficar isolada. Os outros integrantes do núcleo familiar não precisarão ir até o posto de saúde pegar o atestado presencialmente.

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