Articulador da nova Previdência assume Desenvolvimento Regional

Secretário Especial do Trabalho e da Previdência, Rogério Marinho será o novo ministro da Pasta, no lugar de Gustavo Canuto, cujo desempenho foi questionado por suposto favorecimento a governadores do Nordeste

Escrito por Redação ,
Legenda: Rogério Marinho será o novo ministro do Desenvolvimento Regional, no lugar de Gustavo Canuto
Foto: Foto: Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro decidiu substituir o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, que era um dos principais interlocutores do Governo com o setor produtivo do Nordeste. No lugar, entra Rogério Marinho, secretário Especial do Trabalho e da Previdência. A mudança faz parte de uma estratégia do presidente de buscar resultados em 2020. Canuto era tido como um ministro com baixo índices de resultado.

Ministro da Integração de Michel Temer, Canuto continuou no Governo com o apoio dos ministros Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Wagner Rosário (Controladoria Geral da União). Canuto é técnico e não tem filiação partidária, mas era bem quisto no Congresso.

Na tarde desta quinta, Bolsonaro recebeu Wagner Rosário para uma reunião no Palácio do Planalto. Interlocutores da equipe econômica dizem que Canuto foi demitido porque não conseguiu entregar resultado e o que o segurava no cargo era a avaliação do presidente de que ele era competente. Teria pesado na demissão a briga dele com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Canuto também fez desafetos com várias áreas de Governo, como a Caixa Econômica Federal, por exemplo. Nos bastidores, havia queixas de que ele estaria atuando politicamente, beneficiando adversários do Governo, como governadores do Nordeste. As constantes paralisações do programa Minha Casa Minha Vida também ajudaram na queda. A proposta de substituir o programa por um voucher também foi muito criticada no Governo, diante da falta de margem orçamentária.

O programa está paralisado novamente por falta de entendimento com o Ministério da Economia.

Repercussão

Fontes do setor da construção elogiaram a escolha de Rogério Marinho para substituir Canuto no MDR. Segundo um executivo, além de ser inteligente, Marinho é muito habilidoso politicamente. Ele teve participação ativa em duas grandes reformas, a trabalhista, quando era deputado e foi relator da proposta na Câmara, e a previdenciária, como secretário Especial de Previdência e Trabalho.

Já Canuto será nomeado presidente da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), confirmou Bolsonaro.

A Dataprev é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Economia e responsável pela gestão da Base de Dados Sociais Brasileira, especialmente a do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Onyx

Desde a semana passada, o meio político em Brasília esperava mudanças na Esplanada dos Ministérios. Nesta quinta-feira, Bolsonaro afirmou que a atuação do ministro gaúcho Onyx Lorenzoni (Casa Civil) em relação ao Rio Grande do Sul é "um ponto a ser estudado".

O mandatário disse, no entanto, que não iria confirmar se há, de fato, interesse eleitoral de Onyx no Estado. "É um ponto a ser estudado", disse Bolsonaro ao ser questionado se Onyx não estaria atuando para se candidatar ao Governo estadual em 2022 por priorizar encontros regionais. Nos últimos dias, o ministro teve a Pasta esvaziada e alguns de auxiliares foram demitidos.

"Qualquer ministro que, por ventura, queira usar o Ministério em vez de atender ao Brasil para atender o seu Estado ou o seu município está fadado a levar um cartão vermelho. Não vou confirmar o que você falou aí sobre Onyx dar sinais de que possui interesse eleitoral no RS, mas, em havendo...", disse Bolsonaro sem concluir a frase.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente prometeu dar um "cartão vermelho" a ministros que usarem o cargo e as ações de suas pastas para se promoverem eleitoralmente.

Quem já saiu

Gustavo Canuto é o 5º ministro de Bolsonaro a ser demitido. Em 2019, saíram Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral), Floriano Peixoto (Secretaria-Geral), Ricardo Vélez Rodriguez (Educação) e Carlos Alberto do Santos Cruz (Secretaria de Governo).

Denúncias

Questionado sobre como lida com denúncias envolvendo seus auxiliares, Jair Bolsonaro comentou, em entrevista ao Estadão: "Tenho um pessoal que converso aqui, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o respectivo ministro. A denúncia que, porventura, chega, muitas vezes é "fake". Não posso agir somente por ver uma matéria no zap, no Facebook de alguém, na imprensa. Até porque tem muita contrainformação. O que aconteceu até agora? Nada".

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