Após trocas na Cultura, chefias de Iphan e Funarte devem mudar

A série de alterações na área tem gerado diversas polêmicas no País. São pelo menos nove exonerações nesta semana. A expectativa é que novas nomeações sejam confirmadas nos próximos dias

Escrito por Redação , politica@verdesmares.com.br
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Foto: Ana Volpe/Agência Senado

As mudanças de nomes da Secretaria Especial da Cultura e de órgãos subordinados à Pasta devem seguir nos próximos dias, e os comandos de Iphan e Funarte devem ser trocados até segunda (2).

No Iphan, o mais cotado para substituir Kátia Bogéa é Olav Schrader. Formado em relações internacionais, ele tem seu nome mencionado em eventos pró-monarquia, como no 2º Encontro Monárquico Fluminense, em que fez uma fala intitulada "Patrimônio Histórico como Motor de Crescimento Econômico". Já o cotado para assumir a Funarte é Dante Mantovani, maestro e doutor em música pela Universidade Estadual de Londrina. Em seu site, ele afirma ter participado de grupos e corais religiosos.

Além disso, Mantovani apresentou o programa "A Grande Música", na rádio Mão de Deus, de Caxias do Sul (RS). Procurado, ele não atendeu à reportagem. Schrader não foi localizado.

As duas trocas fazem parte de uma mudança volumosa no quadro da cultura do Governo Federal, movimento iniciado após o diretor e dramaturgo Roberto Alvim assumir a Pasta, no início deste mês.

Entre os novos indicados está o secretário-adjunto de Alvim, José Paulo Soares Martins. Ele já foi diretor do Instituto Gerdau e da Fundação Iberê Camargo e, em 2016, foi escolhido para a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, que formula as diretrizes dos mecanismos de fomento, entre eles a Lei Rouanet.

Em um seminário na Câmara sobre o tema, Martins defendeu a flexibilização do teto de captação da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Também foram publicados, no Diário Oficial da União desta quarta-feira (27), outros cinco nomes para a área. Alvim diz que só comentará as nomeações quando elas "forem perpetradas", o que deve acontecer até segunda (2).

Mais polêmicas

Entre as indicações está a do jornalista Sérgio Nascimento de Camargo para a Fundação Palmares, responsável por promover ações culturais ligadas aos negros. Em seu perfil nas redes sociais, ele se define como "negro de direita" e já afirmou que o Dia da Consciência Negra é "uma vergonha", que cotas raciais são absurdo e que o Brasil tem um "racismo Nutella".

Já Camilo Calandreli substitui José Paulo Soares Martins à frente da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura. Oriundo da música clássica, área em que atua como professor e cantor de ópera, Calandreli é um dos fundadores do Simpósio Nacional Conservador de Ribeirão Preto. Em seu perfil no Facebook, compartilha memes que exaltam Bolsonaro.

As mudanças atingiram também o audiovisual. A nova secretária do setor é Katiane de Fátima Gouvêa, membro da Cúpula Conservadora das Américas. A renovação na subpasta ocorre com outra série de nomeações na Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Nova chefia da fundação dos palmares

O presidente Jair Bolsonaro se esquivou de perguntas sobre as bandeiras que defende o novo presidente da Fundação Palmares, Sergio Nascimento de Camargo, e disse que não o conhece pessoalmente. Nomeado na quarta-feira (27) ao cargo, o novo presidente da Fundação Palmares, instituição ligada à Secretaria Especial de Cultura, afirmou que a escravidão foi “benéfica para os descendentes” e atacou personalidades como a ex-vereadora do Rio Marielle Franco e a atriz Taís Araújo.

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