Após filiações, partidos buscam chapas competitivas para a Câmara

Dirigentes apontam diferentes estratégias para tentar ocupar o maior número de cadeiras na Câmara Municipal de Fortaleza em 2021, desde nomes vindos do Executivo até novatos com inserção em nichos específicos da sociedade

Escrito por Luana Barros e Alessandra Castro , politica@svm.com.br
Legenda: Para virar lei, toda data no Calendário Oficial precisa ser aprovada no plenário da Câmara
Foto: José Leomar

O cenário de disputa por um mandato na Câmara Municipal de Fortaleza ficou mais tangível após o encerramento do prazo para filiação de quem irá concorrer a vagas de vereador da Capital, no último sábado (4). Partidos apostam em chapas completas de pré-candidatos ao Parlamento municipal, com políticos experientes em eleições, mas também nomes novos e líderes de movimentos sociais.

Apesar de ainda restarem quase seis meses para a disputa municipal, líderes partidários apontam uma organização antecipada das chapas para vereador. O fim das coligações para as eleições proporcionais é colocado como um dos motivos centrais para isto, já que, em pleitos anteriores, as alianças entre as siglas poderiam ser formadas até o fim do prazo para as convenções, no início de agosto.

Maior bancada na atual legislatura, com 16 parlamentares, o PDT deve somar à chapa outros nomes conhecidos. Auxiliares da gestão municipal foram exonerados dos cargos para entrar na disputa.

Entre os postulantes devem estar Lúcio Bruno, ex-coordenador especial de articulação política da Prefeitura; Mosiah Caldas Torgan, ex-titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SDE), e Júlio Brizzi, ex-coordenador especial de políticas públicas de Juventude da Prefeitura. Pré-candidatos que já assumiram mandatos no Legislativo municipal também integram a chapa, como o ex-vereador Roberto Rios e a ex-suplente Christhina Brasil.

"São certamente nomes que têm condições de igualdade para concorrer a uma vaga. Estamos trabalhando para ter uma chapa não só quantitativamente forte, mas qualitativamente", explica o presidente da sigla, André Figueiredo. O PDT deve contar ainda com lideranças de movimentos ligados a pautas defendidas pelo partido.

A projeção é de eleger uma bancada entre 13 e 15 vereadores. O número é maior do que os eleitos em 2016, quanto 11 parlamentares conquistaram vagas, mas menor do que a atual bancada. "A chapa vai ter uma alta competitividade para a disputa. Nem sempre quem já tem o mandato, é quem será eleito", afirma ele.

Diversidade

A representação de diferentes segmentos tem sido um dos focos de diferentes partidos, com o objetivo de ampliar o alcance para a disputa municipal. Presidente do diretório do PT em Fortaleza, o vereador Guilherme Sampaio ressalta a busca da sigla por montar uma chapa diversa. Entre os pré-candidatos, ele destaca a presença de jovens ligados a movimentos populares, lideranças sindicais e militantes de movimentos sociais ligados a áreas específicas, como a Educação.

O partido pretende eleger, para a próxima legislatura, pelo menos quatro vereadores. Uma das estratégias da sigla é fortalecer o voto de legenda. A intenção é garantir, só com isso, votos suficientes para ao menos um eleito.

Na chapa petista, devem estar políticos com experiência eleitoral como o ex-deputado federal Eudes Xavier, o ex-vereador Vicente Pinto e ex-suplentes de vereador, como Vicente Pinto e Amélia Cabó. Presidentes de sindicatos, assim como articuladores de candidaturas vitoriosas do partido, também estão entre os perfis da chapa.

Procura

Presidente estadual do Pros, o deputado federal Capitão Wagner (Pros) também reforça a busca por uma formação de chapa eclética para disputar cadeiras na Câmara Municipal. Com a intenção de eleger sete vereadores, o partido busca ampliar o leque de representação. "Nós conseguimos uma adesão muito forte. Até o mês passado, nós tínhamos 160 pré-candidatos", afirma.

A chapa deve ser fechada apenas na convenção, mas os nomes vêm de diferentes segmentos da cidade, em uma busca por dar capilaridade à legenda não só na disputa proporcional, mas também na majoritária, na qual Wagner é pré-candidato.

Entre os nomes, está o ex-candidato ao Governo do Estado pelo PSL, Hélio Gois, o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, Edmar Fernandes, o suplente de vereador, Maninho Palhano, e comunicadores. Ex-vereadores e suplentes que já eram filiados também integram a chapa.

Projeção

Siglas com representatividade menor na Câmara querem eleger ampla bancada para a próxima legislatura. Após a janela partidária, o PSB conta dois vereadores, entre os quais o líder do Governo na Casa, Ésio Feitosa, mas quer dobrar o número nas eleições. Entre os nomes filiados, ex-vereadores como Alípio Rodrigues, Eulógio Neto e Jaime Cavalcante.

No PSL, segundo o presidente estadual do partido, o deputado federal Heitor Freire, a meta é eleger pelo menos cinco nomes. Alcy Pinheiro, que comanda a sigla na Capital, projeta entre quatro e cinco parlamentares eleitos. Hoje, o PSL possui um vereador.

"Somos um partido forte, temos uma estrutura que pode potencializar os nossos pré-candidatos, como um bom tempo de TV e rádio, além de ferramentas para ajudar na campanha", afirma Pinheiro. Entre as apostas, o chefe de gabinete de Heitor Freire, Albino Oliveira, que coordena movimentos de direita, além de suplentes de deputado como Jorge Fontenelle (federal) e Júlio Aquino (estadual), e de vereador, como Adriano Bento e Alex Melo Alves.

Seleção

Indo na contramão, alguns partidos não pretendem sair com chapa para vereador completa. Presidente municipal do PSDB, Carlos Matos acredita que a sigla deve ter 41 pré-candidatos, dos 65 possíveis. "Nós temos alguns outros nomes fortes, mas que ainda não decidiram se serão candidatos. Por isso, vamos começar a etapa de articulação interna", afirma.

A experiência eleitoral também tende a predominar na chapa tucana, pela qual devem concorrer o ex-deputado estadual Caminha, assim como o suplente de vereador Joaquim Rocha. Políticos que já tentaram eleições anteriores, como a Pastora Andreia e Sargento Gerson, também devem integrar a chapa.

Já o Novo deve ter uma chapa com um número ainda mais limitado. Presidente estadual do partido, Célio Fernandes contabiliza entre 16 e 18 pré-candidatos. Para integrarem a chapa, os postulantes precisam passar por um processo de seleção, o que limita o número de candidaturas.

Entre as estratégias da sigla, que quer eleger dois nomes, uma composição com "formadores de opinião fortes em nichos específicos", como o professor Rodrigo Marinho e o advogado Rodrigo Nóbrega. "O bom desempenho também vai depender muito do cabeça da chapa majoritária e o Geraldo Luciano está crescendo. Podemos surpreender", afirma Célio Fernandes.

Pulverização de candidaturas deve ser estratégia visada

Com o fim das coligações proporcionais, os partidos devem apostar em pulverização de candidaturas para tentar atingir o quociente eleitoral e eleger o maior número de vereadores, avalia o cientista político e professor universitário Cleyton Monte.

Ele acredita que, como o brasileiro não tem o hábito de votar em legenda, lançar chapas com a maior quantidade de vereadores possível deve ser a estratégia que grandes e pequenas agremiações irão utilizar neste pleito. Isso porque cada legenda só terá vereadores eleitos se atingir o número mínimo de votos do quociente. Ou seja, mesmo um candidato sendo o mais votado de determinado partido, ele só poderá ocupar a cadeira se a legenda atingir o mínimo de votos exigido pela legislação.

Os partidos ainda não têm como saber, com exatidão, o número de votos necessário para eleger seus candidatos a vereador, porque o cálculo é feito com base no número de votos válidos. Ou seja, após a apuração da eleição, o quociente eleitoral é definido pela soma do número de votos válidos divida pelo número de cadeiras em disputa. No caso de Fortaleza, por exemplo, são 43 vagas para o Legislativo Municipal. Caso tenham atingido o quociente eleitoral, as legendas têm que calcular também o quociente partidário, para saber a quantas vagas terão direito na Câmara. Nesse caso, precisam dividir os votos válidos obtidos pelo partido pelo quociente eleitoral. Com esses resultados, os mais votados da legenda poderão ocupar vagas.

O professor explica que, sem as coligações, fica mais difícil para as siglas atingir o quociente eleitoral com "sobra" de votos para eleger um ou mais vereadores.

"Se você for pegar o resultado para vereadores das últimas eleições municipais (2016) de Fortaleza, somente os primeiros colocados (em número de votos) conseguiram se eleger por si só, porque eles sozinhos batem a quota do partido. A grande maioria precisou dos votos das coligações".

Em contrapartida às múltiplas candidaturas, algumas legendas devem apostar em nomes fortes e lançar um número menor, mas ainda assim considerável, para poder atingir a cota e eleger vereadores, ressalta Cleyton. O cientista político diz que isso acontece, também, por acordos entre partidos, fazendo com que nomes que captam mais votos se dividam entre siglas aliadas para que todos esses candidatos consigam ser eleitos.

Conservador

Ex-coordenador do MBL Ceará, Carmelo Neto também irá concorrer ao cargo de vereador. O jovem de 18 anos filiou-se ao Republicanos porque o partido é "conservador" e apoiador do Governo Federal.

Esquerda

O Psol também deve trazer na chapa alguns nomes conhecidos de outras eleições, como o presidente estadual do partido, Ailton Lopes, que concorreu às eleições para Governo do Estado, além do ator e suplente de deputado estadual, Ari Areia.

Base

Outros nomes devem tentar uma cadeira na Câmara em partidos aliados ao Executivo. O advogado Leandro Vasques se filiou ao Cidadania, mas desconversa sobre candidatura. O ex-Gerente de Operações e Fiscalização de Trânsito da AMC, Disraelli Brasil, deve disputar a eleição pela Rede Sustentabilidade.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.