Após críticas, Bolsonaro escala mais mulheres para sua equipe

O presidente eleito colocou na lista de colaboradores mais quatro mulheres, sendo duas ligadas ao meio militar

Escrito por Redação ,

Após anunciar a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) como futura ministra da Agricultura, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) indicou quatro mulheres para a equipe de transição. Na nova lista de auxiliares para que sejam nomeados, enviada ao Palácio do Planalto, o capitão reformado do Exército anunciou a doutora em economia Clarissa Costalonga e Gandour, a engenheira ambiental Liane de Moura Fernandes, a tenente coronel do Corpo de Bombeiros, Márcia Amarílio, e a tenente do Exército, Sílvia Nobre Waiãpi.

A relação inclui indicações tanto para posições de colaboração, sem previsão de vencimento, como para cargos previstos na legislação da troca de governo, com direito à remuneração. De acordo com interlocutores do militar, a lista possui 33 nomes e traz as primeiras indicações femininas. Ela foi remetida ao órgão de inteligência governamental para o processo de triagem.

A expectativa é de que seja publicada no Diário Oficial da União no início da semana que vem. Na primeira lista, publicada na segunda (5), havia apenas homens. A ausência de mulheres foi criticada pela oposição ao novo presidente, o que levou Bolsonaro a antecipar a divulgação das colaboradoras e anunciar Tereza Cristina como ministra. A parlamentar, que preside a Frente Parlamentar da Agropecuária, admitiu ter negócios com o grupo JBS, mas negou haver conflito de interesse.

Justiça

Enquanto a equipe de transição começa os trabalhos, o desenho do futuro governo vai ficando mais claro quanto às principais ações que vão deslanchar em 2019. Ontem (8), o juiz Sérgio Moro, indicado como ministro da Justiça, defendeu maior rigor na punição de quem comete crimes graves.

Para Moro, a sobrecarga do sistema carcerário não pode ser obstáculo a um rigoroso cumprimento de pena. Ele se reuniu com o atual ministro da Justiça, Torquato Jardim.

"Evidentemente, a questão carcerária é um problema. Nós estamos refletindo sobre ela da forma mais apropriada. É necessário criar vagas. É necessário eventualmente ter um filtro melhor. Agora, é inequívoco que existe no sistema carcerário, muitas vezes, um tratamento leniente, a meu ver, para crimes praticados com extrema gravidade, casos de homicídio qualificado e de pessoas que ficam poucos anos presas em regime fechado. Para esse tipo de crime tem que haver um endurecimento", disse Moro.

O futuro ministro já está estudando algumas ideias para formular um plano de combate à criminalidade. Ao que tudo indica, a proposta estaria centrada num esforço contra a corrupção e quadrilhas violentas. Parte das sugestões podem ser pinçadas do pacote de dez medidas contra a corrupção apresentado ao Congresso Nacional a partir de um movimento da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba.

"A ideia é um plano forte, mas simples, para que seja aprovado em um tempo breve no Congresso. Anti-corrupção e anti-crime organizado. São as duas prioridades da próxima gestão", anunciou o magistrado.

O juiz disse ainda que existe uma clara insatisfação da população com a violência no País. Com a mudança de governo e a renovação de boa parte do Congresso Nacional, ele entende que o País está num momento favorável implementação de medidas para conter a criminalidade.

"As eleições transmitiram um recado de que há uma insatisfação grande da população. Isso nem precisava das eleições, mas há uma insatisfação grande com a segurança pública, que é um problema sério, difícil de ser tratado e precisa ser equacionado", afirmou.

Reajuste no STF

Já o general da reserva Augusto Heleno, que vai assumir o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), não reconheceu como "derrota" de Bolsonaro a aprovação pelo Senado do reajuste salarial para o Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira passada.

"Não é derrota, é preocupação. Tenho certeza que ele (Bolsonaro) não considera derrota. É uma preocupação, até pelos gastos anunciados, mas isso tem que ser muito bem estudado", afirmou Heleno em referência ao impacto de R$ 4 bilhões que o aumento deve ter para a União e os estados, já que os rendimentos dos ministros servem como teto para o funcionalismo público.

O reajuste de 16,38% para o Poder Judiciário e Ministério Público Federal seguiu para sanção presidencial. Com isso, o teto do funcionalismo pública passa dos atuais R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. A mudança prevê que o STF deverá acabar com o auxílio-moradia como forma de compensar a despesa extra.

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