Após atritos, Bolsonaro reativa articulação política

Presidente começa a receber parlamentares, planeja viagens e sinaliza a disposição de superar a crise entre Planalto e Congresso

Escrito por Redação ,
Legenda: Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão receberam, nesta quinta-feira, condecorações da Ordem do Mérito Judiciário Militar
Foto: AFP

Após os recentes tropeços na articulação política do Governo Bolsonaro com o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto conseguiu, nesta quinta-feira (28), um dia de trégua graças a algumas declarações de tom apaziguador. "Para mim, isso foi uma chuva de verão. O sol está lindo. O Brasil está acima de nós", ilustrou o presidente Jair Bolsonaro (PSL), em entrevista coletiva durante solenidade comemorativa do aniversário da Justiça Militar da União.

Durante a entrevista, o presidente reiterou a disposição para dialogar com parlamentares e lideranças partidárias, como tem feito nos últimos dias. "Eu gostaria de atender a mais políticos no Planalto, mas o dia só tem 24 horas. Eu tenho que cinco, seis horas dormir, por isso eu não atendo mais gente".

Bolsonaro reconheceu também que não existe uma "base aliada garantida", porque os parlamentares são independentes para decidir de acordo com os próprios entendimentos. "É isso que faz a democracia ficar forte. É natural, eu fui deputado por 28 anos, metade da Câmara são novos, são jovens, que vão aprendendo o trejeito político com o tempo (...) Articulação é conversar; metade da Câmara são velhos amigos meus".

O presidente disse ainda que pretende viajar pelo Brasil e citou possíveis destinos como Pará, Amazonas e Paraíba. No Estado nordestino, ele deve ir, ainda sem data definida, entregar casas populares em Campina Grande.

Segundo o presidente, os compromissos são colocados na pré-agenda 15 dias antes de ser decididos.

Maia

Já o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também deu sinais de querer superar o entrevero com o Executivo.

Nesta quinta-feira, ele se reuniu com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que afirmou ter "respeito" pelo deputado e que as "rusgas precisam ser contornadas". Os dois protagonizaram um bate-boca público na semana passada em torno da tramitação do pacote anticrime na Câmara.

Moro comentou o episódio durante coletiva de imprensa sobre a Operação Luz da Infância, que investiga casos de pedofilia e pornografia infantil em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal. Para ele, as farpas trocadas foram "ruídos de declaração". "Tenho uma relação bastante cordial com o presidente da Câmara, uma pessoa muito sensata. Temos que deixar as divergências pessoais de lado que, às vezes, nem são tão pessoais, são bobagens".

Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, disse que a crise entre o governo e o presidente da Câmara "é uma tempestade em copo d'água". Após ser perguntado se Bolsonaro receberia parlamentares para conversar, ele minimizou a troca de farpas e repetiu o discurso do pai, de que o Planalto está aberto ao diálogo. "Os deputados já estão falando em página virada".

Relator definido
O delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) será o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência na Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ). O anúncio foi feito pelo presidente do colegiado, Felipe Francischini (PSL-PR)

Relação com Maia
A definição do relator da PEC da Previdência é um sinal da retomada do diálogo entre o Planalto e o Congresso. “Houve um grande entendimento com (presidente da Câmara, Rodrigo) Maia sobre a prioridade em relação à Previdência”, afirmou Francischini

Tranquilidade no cargo
O relator Marcelo Freitas disse não ter dúvida de que está preparado para enfrentar o desafio que ele tem pela frente. “Temos a tranquilidade necessária para conduzir com responsabilidade essa relatoria”, disse o deputado, que é delegado da PF com pós-graduação em direito processual

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