Apoio político à nova Previdência deve avançar na próxima semana

Tramitação da proposta do Governo para as aposentadorias deve ganhar impulso. Planalto deve usar nomeações para convencer os partidos

Escrito por Redação ,

O processo de convencimento dos parlamentares do Congresso Nacional para aprovar a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo Governo Bolsonaro vai ganhar velocidade, na próxima semana, com o início dos trabalhos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, enviou, nesta sexta-feira, a proposta da reforma para a CCJ, primeira etapa da tramitação do texto na Casa.

Na próxima terça-feira (26), a CCJ vai começar a trabalhar na matéria. Nesta sexta, o secretário da Previdência, Rogério Marinho, se reuniu com deputados do PSL, o partido de Bolsonaro e a maior bancada da Câmara. O Governo vai se esforçar para atrair os 308 votos necessários para aprovar a reforma. Na próxima semana, integrantes da equipe econômica devem se reunir com outras legendas, como PSDB e PR.

Nomeações

Insatisfeitos com a falta de interlocução no Palácio do Planalto, líderes de partidos que reelegeram Maia para a presidência da Câmara já começam a cobrar a fatura política. Sob o argumento de que a demora do Governo para liberar cargos e emendas pode se refletir no placar de votação, deputados pressionam Maia para que ele consiga convencer Bolsonaro a "destravar" pelo menos as nomeações.

Nem mesmo o anúncio de que nos próximos dias o Executivo criará uma plataforma virtual, na qual deputados e senadores da base aliada poderão fazer indicações para o segundo escalão, serviu para acalmar os parlamentares. Nos bastidores, muitos deles tratam com ironia o novo modelo para selecionar quem ocupará as vagas nos Estados, batizado no Planalto de "banco de talentos". "Isso vai virar um show de calouros", provocou o deputado Jhonatan de Jesus (RR), líder do PRB na Câmara. A plataforma a ser lançada pelo Governo foi desenvolvida pela Controladoria-Geral da União (CGU) e estabelecerá critérios para as nomeações, como formação acadêmica e experiência na área.

O discurso oficial é de que todo indicado precisará ser "ficha-limpa" para entrar na equipe. A seleção para a ocupação dos cargos será feita pelos ministros. "O problema é que esse Governo não tem traquejo político e é muito enrolado", afirmou o líder do PP, Arthur Lira (AL). "Se for para ministros escolherem as pessoas, nem precisa nada. Se vai para a subjetividade do ministro, tudo vai continuar do mesmo jeito".

Ironia

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também ironizou o plano de criar um "banco de talentos", por meio do qual parlamentares poderão indicar nomes para ocupar vagas no Governo. "É (indicação política), só colocaram outro nome: banco de talentos", disse o senador.

Alcolumbre afirmou também que servidores do Senado apadrinhados pelos emedebistas Eunício Oliveira (CE), José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), seus antecessores, estão em "estágio probatório".

"Está todo mundo em estágio probatório. Estou conversando com vários consultores, técnicos do Senado e ouvindo", disse. Alcolumbre prepara uma "faxina" em cargos de diretoria e coordenadoria da Casa controlados pelo MDB. A lista de diretores, secretários e coordenadores de áreas que vão passar pelo pente-fino tem 184 nomes.

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