Amigos, amigos, vagas à parte

Disputa acirrada nas coligações proporcionais. Enquanto os candidatos a governador tiveram uma campanha morna, entre os que disputam cadeiras na Assembleia e na Câmara, a busca por votos esquentou na reta final da eleição, especialmente na base governista

Escrito por Miguel Martins ,
Legenda: Durante quase toda a campanha, o plenário da Assembleia ficou esvaziado. Prioridade era ir às bases no Interior

Enquanto o confronto entre os candidatos ao Governo do Estado foi morno, com quase nenhum embate entre os principais postulantes, as disputas para o Legislativo Estadual e Federal têm movimentado os bastidores da política cearense. São 597 pessoas disputando as 46 vagas da Assembleia Legislativa e 267 concorrendo aos 22 assentos do Estado na Câmara dos Deputados.

A concorrência por vagas na Assembleia, neste ano, é de mais de 12 candidatos para uma vaga, o que justifica o acirramento político, inclusive, entre aqueles que até pouco tempo atrás eram aliados. Em busca da reeleição, o primeiro confronto de deputados em busca de votos acontece dentro das próprias coligações. No fim das contas, nem todos serão eleitos hoje (7).

Uma das maiores coligações da base do governador Camilo Santana (PT) é formada por PP, PDT, PR, DEM e PRP e tem 55 candidatos aptos à disputa. No entanto, de acordo com estimativas do quociente eleitoral feitas entre os parlamentares, somente 18 ou 20 podem se consagrar vitoriosos.

Na avaliação de governistas, com a situação aparentemente confortável do governador Camilo Santana, segundo pesquisas recentes, os candidatos a deputado estadual acirraram a disputa entre si. "A briga de verdade tem sido entre os deputados estaduais e federais. Como ninguém sabe quanto as coligações vão fazer, o confronto é inevitável. Houve até briga física", disse o deputado José Sarto (PDT).

Cálculos

Com 50 candidatos aptos, a coligação formada por PT, PV e PSB acredita que, pelo quociente eleitoral, poderá eleger até cinco deputados. Elmano de Freitas (PT) informou, contudo, que os candidatos têm bases distintas e cada grupo procurou atuar com foco na eleição de até cinco nomes.

Outra coligação, composta por MDB, PHS, Avante, SD, PSD, PSC, Podemos e PRB, tem 64 candidatos. No entanto, na disputa interna, eles acreditam que devem eleger entre sete e nove deputados estaduais, o que implica dizer que até 57 nomes ficarão fora do Legislativo em 2019.

A partir de 2020, a situação tende a piorar ainda mais para os concorrentes. Isso porque as eleições municipais daquele ano serão as primeiras sem coligação proporcional, o que demandará mais esforço - e mais votos - aos postulantes.

"A disputa em alguns municípios tem sido violenta. Os caras estão comprando voto 'adoidado'. Pagando conta de água, de luz, e não estão nem aí para o Ministério Público", relatou um parlamentar que tenta reeleição. Figuras carimbadas da política não se intimidam com a possibilidade de ação da Polícia Federal (PF) em municípios do Ceará.

A oposição também enfrenta dilemas da disputa interna. No entanto, poucas coligações oposicionistas foram formalizadas para o Legislativo. O DC e o PSL se uniram, enquanto PSDB e PROS foram para a disputa proporcional separados. O PSOL chegou a coligar com o PCB, mas as candidaturas desta sigla foram indeferidas pela Justiça Eleitoral.

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