Temporais levam mortes e destruição às cidades do Sudeste

Na Baixada Santista (SP), cidades decretam estado de calamidade após deslizamentos. Pelo menos 17 morrem no Guarujá, São Vicente e Santos, e centenas estão desaparecidas

Escrito por Redação ,
Legenda: No Morro do Macaco Molhado, no Guarujá, deslizamento deixou mortos
Foto: Foto: AFP

As águas de março de 2020 estão confirmando a letra da famosa música lançada em 1972 por Tom Jobim (1927-1994). Os temporais dos últimos dias estão deixando um rastro de destruição em diversas cidades do Sudeste, com um saldo crescente de vítimas. Nesta terça, dois municípios da Baixada Santista - Guarujá e São Vicente - decretaram estado de calamidade pública. São Paulo registrou o maior índice acumulado de chuvas em fevereiro desde o começo das medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 1943.

O Rio de Janeiro já tem o maior índice de precipitações no mês desde 1996, enquanto Belo Horizonte, capital mineira, teve a maior marca desde 2014, e Vitória, capital do Espírito Santo, também contabilizou um valor acima da média.

A ausência de variações de temperatura no Oceano Atlântico e o aquecimento global explicam as fortes chuvas que atingiram a região sudeste do Brasil em fevereiro, segundo especialistas. "Constatamos uma certa mudança no padrão. Não é tanto um aumento nas chuvas. Na verdade, é mais tempo sem chuva, mas com uma intensidade maior quando acontece", explica a cientista Márcia Zilli, que estuda o padrão de chuvas no Sudeste com base em dados dos últimos 70 anos.

Em Minas Gerais, 196 municípios decretaram estado de emergência. No Espírito Santo, foram 22 cidades.

Os números de vítimas não param de aumentar no Sudeste. As chuvas fortes que atingem a região da Baixada Santista desde a tarde de segunda-feira, já provocaram ao menos 17 mortes nas cidades de Guarujá, Santos e São Vicente. Trinta e três pessoas estão desaparecidas. O número foi atualizado em boletim conjunto divulgado no fim da tarde de terça pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil.

O principal local com registro de mortes até o momento é o Guarujá, com 14 casos. A cidade também tem o maior número de desaparecidos. Um dos locais mais atingidos é o Morro do Macaco Molhado e no Jardim Centenário. Pelo menos 200 pessoas estão desabrigadas no município.

Aulas suspensas

Em Santos, os deslizamentos atingiram ainda os morros Santa Maria, São Bento, Vila Progresso e Monte Serrat - muitos moradores abandonaram as casas. A Prefeitura distribuiu lonas plásticas para moradores de imóveis afetados. A Secretaria de Educação suspendeu as aulas em unidades de ensino devido às dificuldades de acesso. Os corpos das vítimas das chuvas na Baixada Santista são levados aos IMLs de Praia Grande e Guarujá. A Polícia Técnica Científica reforçou as equipes para garantir o atendimento.

Aluguel social

Em sua conta oficial no Twitter, o governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), prestou sua solidariedade às vítimas do temporal. Ele anunciou que irá disponibilizar aluguel social para as pessoas que ficaram desalojadas após fortes chuvas.

De acordo com a equipe da Defesa Civil, o temporal foi causado devido à formação de uma área de baixa pressão no litoral de São Paulo e à circulação dos ventos nos altos níveis da atmosfera. Nas redes sociais, o Santos, clube de futebol, anunciou que vai promover a arrecadação de donativos na Vila Belmiro para as famílias que estão desabrigadas pela tragédia.

Rio de Janeiro

Após as fortes chuvas que atingiram o Estado do Rio de Janeiro desde sábado, imóveis desabaram na zona norte da capital fluminense. Não houve mortos nem feridos. Foram seis casas, segundo a corporação, sendo três sobrados de dois e três andares, conforme a Defesa Civil Municipal.

Elas desmoronaram por volta das 6h de terça, no bairro Jardim América, quase na divisa com o município de São João de Meriti e próximo ao rio Acari. Também nesta terça foi encontrada a quinta vítima das chuvas no RJ. O total de desalojados e desabrigados no Estado chegou a cerca de 5.000 no fim da tarde de terça.