Suspeito de atirar rojão está foragido

Escrito por Redação ,

Rio de Janeiro Foragido até a noite de ontem, Caio Silva de Souza, o rapaz de 23 anos acusado pela polícia de haver acendido o rojão que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, de 49 anos, mora em Nilópolis (Baixada Fluminense) e trabalha como auxiliar de limpeza no Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande, na zona oeste do Rio.

Detido duas vezes por tráfico de drogas em 2010, ele não foi indiciado, por falta de provas. A prisão temporária de Souza foi ordenada na noite de segunda-feira depois que ele foi reconhecido em foto pelo tatuador Fábio Raposo, preso domingo. Raposo entregou o rojão a um rapaz que conhecia de vista, mas de quem dizia desconhecer o nome. A polícia localizou uma pessoa que acusou Souza, e a foto dele foi reconhecida por Raposo. Os dois são acusados de explosão e homicídio qualificado por uso de explosivo, e podem ser punidos com 35 anos de prisão.

A polícia divulgou na segunda-feira duas fotos de Souza e fez buscas em Nilópolis, na Região dos Lagos e no hospital onde ele trabalha, mas não o localizou. O Disque-Denúncia divulgou cartaz em que pede a quem tiver informações sobre o foragido que informe pelo telefone (0xx21)2253-1177.

Contratado por uma empresa terceirizada, Souza atua no Rocha Faria desde 24 de julho de 2013. Ele tem duas passagens registradas na polícia após o início da onda de manifestações, em junho passado. Numa teria sido acusado de "crime de menor potencial ofensivo", que seria uso de drogas.

No segundo registro, figura como vítima de agressão durante um protesto. Essas duas passagens não foram confirmadas pela Polícia Civil.

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, defendeu ontem mudanças na lei para evitar a violência nos protestos. "A sociedade tem que escolher qual é o nível de tolerância que ela quer aceitar. Porque nós, que estamos na ponta operando o sistema, a gente sofre muito com isso, porque a legislação quer uma tipificação, e tipificação de uma pessoa com rosto coberto como é que você vai fazer?", questionou ao considerar necessária a proibição de máscaras durante os atos.

"Não dá para chamar de formação de quadrilha. Lei de Segurança Nacional, nem pensar. Mas precisamos de alguma coisa para enquadrar. Uma pessoa que vai mascarada não vai para protestar. O menino que acendeu o rojão não faria isso se não estivesse com o rosto coberto", disse Beltrame.

"Precisamos de um arcabouço jurídico e específico para isso, como retirar a máscara e a comunicação prévia para organizar estas ações", afirmou o secretário.

O repórter cinematográfico Santiago Andrade será velado e cremado hoje no Memorial do Carmo, no Caju (zona norte).

O velório será aberto ao público das 7h às 11h, e a partir daí restrito a familiares e amigos. Seus órgãos serão doados.

Plano deve ser criado para proteger imprensa

Brasília Um dia após a confirmação da morte cerebral do cinegrafista Santiago Andrade, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reuniu ontem com dirigentes da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) para tratar do caso do profissional da TV Bandeirantes. Ao final do encontro, o titular da Justiça disse que é "impressionante" o número de atentados e ameaças contra profissionais da imprensa no país.

O titular da Justiça anunciou em entrevista coletiva que o governo federal decidiu criar um grupo de trabalho para elaborar políticas públicas de proteção aos profissionais da imprensa. O ministro afirmou ainda que vai levar a situação para um encontro amanhã em Aracaju (SE).