Pré-candidatos criticam crise dos combustíveis

Postulantes ao Planalto apontaram os efeitos negativos da greve dos caminhoneiros e da alta dos preços para o País

Escrito por Redação ,
Legenda: Em sabatina, presidenciável da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, questionou, ontem, por que o governo federal não se antecipou ao problema
Foto: FOTO: AFP

São Paulo. A maior crise enfrentada pelo governo Temer neste ano eleitoral virou alvo de críticas de alguns pré-candidatos a presidente da República. Seja pela má gestão de preços da Petrobras ou pela demora em reagir à paralisação, a atuação do Palácio do Planalto na busca de soluções para a greve dos caminhoneiros foi atacada pelos pretendentes a suceder Temer.

Com diferenças de tom, Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) coincidiram no viés crítico. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pré-candidato pelo MDB, partido de Temer, preferiu defender apenas a redução de impostos. Bolsonaro declarou apoiar as reivindicações dos caminhoneiros, mas discordou do fechamento de estradas como forma de protesto.

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"Os caminhoneiros sofrem com preço alto dos combustíveis, roubo de cargas, a indústria das multas, as condições das estradas... Eu concordo com quem para o caminhão em casa. Agora, fechar rodovia é extrapolar. Com isso, não dá para negociar", disse Bolsonaro, sem opinar sobre qual seria a solução para o preço do combustível.

"Quem tem de dar a solução é o governo, não sou eu".

Já Marina Silva criticou a forma como a Petrobras reagiu ao movimento. Na quarta-feira, a empresa anunciou a redução de 10% no valor do diesel. Para a pré-candidata da Rede, foi um sinal de pressão política na gestão de preços, passando um sinal ruim ao mercado.

"Fazendo no olho do furacão, com a pressão política, a mensagem que passou externamente é que a Petrobras não está se comportando de acordo com as regras do mercado. E aí vai uma desvalorização das ações da Petrobras na ordem de 11%", opinou Marina, ao participar de sabatina feita pelo SBT, pelo portal Uol e pela "Folha de S.Paulo".

Para ela, o governo Temer não soube reagir na crise.

"Não pode agir só quando as coisas estão praticamente fora de controle. Mas esse governo não tem condição de se antecipar a nada, porque vive o tempo todo na berlinda: na berlinda da falta de credibilidade, de falta de popularidade, e compromisso com a sociedade brasileira".

Aberração

Em sua conta no Twitter, o pedetista Ciro Gomes considerou "uma aberração" a política de preços dos combustíveis praticadas pela Petrobras.

"A alta dos combustíveis é uma aberração que praticamente nega a razão de ser da própria existência institucional da Petrobras. A política de preços adotada está equivocada e desrespeita a sua estrutura de custos. Toda a eficiência da Petrobras deve ser transferida para o interesse público brasileiro e é isso que nós vamos fazer", escreveu.

Ciro disse que, caso seja eleito em outubro, a Petrobras será "reestatizada", com contrato de gestão, estratégia que vê como aplicável para todas estatais. "Toda a eficiência da Petrobras será transferida para o interesse público brasileiro", disse.

"Ela apresenta um lucro no trimestre de quase R$ 4 bilhões para ser apropriado por acionistas minoritários a serviço de quem eles estão", afirmou Ciro.

'Diálogo'

Em um tom mais ameno, mas ainda de crítica, o tucano Geraldo Alckmin avaliou que faltou diálogo do governo na condução da crise. Ele defendeu a manutenção de Pedro Parente como presidente da Petrobras.

"Diálogo. É o que disse hoje cedo o líder dos caminhoneiros: ele vem desde abril tentando o diálogo", comentou o tucano.

Lançado esta semana como pré-candidato do MDB pelo presidente Temer, Henrique Meirelles não comentou o aspecto político da crise. Ele procurou focar o discurso na defesa da redução de impostos sobre combustíveis.

"Nós vamos ter que fazer a Reforma Tributária e aprovar as reformas de corte de despesa que permitam a diminuição da carga tributária sobre combustíveis. Agora, uma coisa é o déficit público elevado, despesa crescente de despesas, temos que diminuir as despesas e diminuir os impostos", comentou Meirelles.