Piloto americano detido por desacatar PF

Escrito por Redação ,
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Foto: Agência Globo/Reprodução
São Paulo - O comandante da American Airlines Dale Robbin Hersh, de 52 anos, foi preso em flagrante ontem, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, por desacato. Ao segurar o número 2.725 para ser fotografado por uma agente federal, Hersh colocou o dedo médio na frente e os demais atrás do papel. ´É um gesto internacionalmente conhecido como obsceno´, justificou o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Francisco Baltazar da Silva. Após ficar quase sete horas detido em uma sala da Delegacia da PF, o comandante foi levado, seguro pelos braços por dois agentes, para o Tribunal Federal, em Guarulhos.

Embora seu crime seja considerado de pequeno potencial ofensivo, o comandante pode ser condenado de 6 meses a 2 anos de reclusão.

´Enquanto o comandante fazia o gesto, outros dez integrantes da tripulação debocharam dos agentes federais e do sistema de identificação, dando risadas e fazendo piadas´, acrescentou Silva. Por causa da provocação, os tripulantes foram impedidos de entrar no País, ficando confinados à sala vip da empresa.

O incidente ocorreu às 8 horas, após o pouso do vôo 907, procedente de Miami. O advogado da empresa, Nelson Margarido, negou que o comandante estivesse preso. ´Ele não está preso nem detido. Está colaborando com as autoridades brasileiras.´ Ele afirmou que Herns ficou surpreso com a decisão da polícia e não teve a intenção de ofender. Margarido tentou ainda impedir que a PF divulgasse a foto na qual Hersh faz o gesto. O delegado Wagner Castilho, porém, esclareceu que estava apresentando a prova do crime. Por meio de uma nota, o Consulado-Geral do Estados Unidos em São Paulo informou que já tomou conhecimento do caso e está trabalhando com a PF e com a empresa para resolver a situação.

No fim da tarde, a American Airlines divulgou nota em que se desculpa pelo incidente. ´A American Airlines lamenta qualquer mal-entendido que tenha ocorrido quando a tripulação do vôo AA907 dava entrada em São Paulo. A American e seus funcionários são sempre muito profissionais e corteses para todos com quem entram em contato. A companhia pede desculpas ao governo brasileiro, às autoridades portuárias, à Polícia Federal e a quaisquer outras pessoas que acreditem terem sido desrespeitadas. O comandante e demais tripulantes não queriam demonstrar falta de respeito. A American continuará a tratar do assunto.´

Para o assessor internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, a atitude do piloto foi ´intolerável e arrogante´, mas foi tratada pelo governo como ´um episódio policial´.

American Airlines paga multa de R$ 36 mil

Uma multa de R$ 36 mil colocou fim ao incidente envolvendo um comandante da companhia American Airlines no aeroporto internacional de Cumbica, em São Paulo, na manhã de ontem.

Hersh foi encaminhado no final da tarde para a 1ª Vara Federal de Guarulhos, onde prestou esclarecimentos. Um acordo estabeleceu o pagamento do valor pela companhia aérea.

O dinheiro será destinado ao asilo São Vicente de Paula, de Guarulhos.

O passaporte do comandante, porém, ficará retido pela PF até que o cheque seja compensado.

Segundo o procurador da República Matheus Baraldi Magnani, o valor da multa (150 salários mínimos) foi calculado com base no salário do piloto, de US$ 10 mil, e na agressão à moral e ao trabalho da PF.

Segundo o superintendente da Polícia Federal, Francisco Baltazar da Silva, Hersh se apresentou bastante arrependido e assustado com a repercussão do gesto que praticou.

Disse ainda que o comandante da aeronave se deixou fotografar com um gesto ´conhecido internacionalmente como obsceno´.

Fato isolado - De acordo com o porta-voz da PF, delegado Wagner Castilho, o incidente ocorrido ontem foi um fato isolado.

Hersh era o comandante de um dos últimos vôos a chegar ao Brasil onde os americanos teriam a impressão digital coletada com tinta.

Tripulantes - Os outros dez tripulantes do vôo, procedente de Miami, foram inadmitidos no país por terem debochado do procedimento de identificação após o gesto do comandante.

´A tripulação acompanhou o gesto de seu comandante e começou a comportar-se de maneira jocosa, de maneira a desabonar a atitude dos policiais federais e do sistema de identificação brasileiro´, afirmou o porta-voz da FP, delegado Wagner Castilho.