Voz que liberou acesso de acusado de matar Marielle não é de porteiro que citou Bolsonaro, diz laudo

Laudo da Polícia Civil mostra que o áudio da portaria não sofreu qualquer tipo de edição. Áudio aponta também que pessoa que concedeu a autorização para a entrada de Élcio no condomínio foi o policial reformado Ronnie Lessa

Escrito por Redação ,
Legenda: A pessoa que concedeu a autorização para a entrada de Élcio no condomínio foi o policial reformado Ronnie Lessa
Foto: Agência Brasil

Polícia Civil do Rio de Janeiro examinou a voz da pessoa que liberou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, no dia da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, e concluiu que não é a do porteiro, que mencionou o presidente Jair Bolsonaro aos investigadores dos assassinatos. O resultado do exame foi obtido pelo jornal O Globo. 

De acordo com o documento, o áudio da portaria não passou por edição e foi o policial reformado Ronnie Lessa quem deu a permissão para a entrada de Élcio no condomínio. Ambos estão presos suspeitos da morte da vereadora e do motorista.

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Em 2019, durante depoimento, um dos porteiros afirmou que Jair Bolsonaro havia liberado a entrada de Élcio no condomínio. Mais tarde, o porteiro mudou essa versão. 

Agora, a perícia no áudio da portaria, iniciada em 13 de janeiro deste ano, confirmou que foi um outro funcionário que interfonou para Lessa, morador do condomínio e vizinho de Bolsonaro. O crime aconteceu em 14 de março de 2018, por volta das 21h15. A gravação foi feita no mesmo dia, às 17h07m42s, portanto, quatro horas antes da execução.

Legenda: Vereadora Marielle Franco (PSOL) foi assassinada em 2018
Foto: Renan Olaz / AFP

Nos depoimentos que prestou nos dias 7 e 9 de outubro do ano passado, o porteiro pivô do caso relatou que “Seu Jair”, referindo-se a Bolsonaro, havia autorizado a entrada de Élcio no dia do assassinato. O porteiro também afirmou à polícia que o ex-PM havia pedido para ir à casa número 58, onde vivia o então deputado federal e atual presidente da República. Jair Bolsonaro, no entanto, encontrava-se em Brasília no dia.