Veja o que se sabe sobre o novo vírus que já matou 17 pessoas

Minas Gerais investiga 1º caso suspeito no Brasil

Escrito por AFP ,
Legenda: Câmara termográfica identifica sintomas em passageiros em aeroporto indiano
Foto: Foto: AFP

Um novo vírus, similar ao causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), matou até o momento 17 pessoas e infectou centenas na China, que em alguns dias celebrará o Ano Novo Lunar, quando ocorrem milhões de deslocamentos. No Brasil, Minas Gerais começou a investigar o primeiro caso suspeito da nova doença no País.

Vários países asiáticos e Estados Unidos implementaram controles de detecção para os passageiros procedentes de Wuhan, a cidade chinesa identificada como o epicentro do vírus. 

É completamente novo

Ao que parece, o vírus pertence a uma cepa desconhecida até agora de coronavírus, uma família de patógenos que abrange de resfriados comuns até a Sars, que matou 349 pessoas na China continental e 299 em Hong Kong em 2002 e 2003.

Arnaud Fontanet, chefe do departamento de epidemiologia no Instituto Pasteur de Paris, explicou à AFP que a cepa do vírus atual é em 80% idêntico geneticamente ao da Sars.

A China compartilhou o genoma do vírus com cientistas de outros países.

No momento, é chamado de "2019-nCoV". 

Contágio entre humanos

A Organização Mundial da Saúde anunciou na segunda-feira que acredita que a "fonte primária" do surto tenha origem animal, e as autoridades de Wuhan disseram que o epicentro do vírus está no mercado de peixes. 

No entanto, a China confirmou mais tarde que o vírus se espalhou entre os seres humanos sem  contato com o mercado. 

Nathalie MacDermott, do King's College, em Londres, disse que o vírus pode ser transmitido pelo ar quando a pessoa infectada tossir ou espirrar. 

Médicos da Universidade de Hong Kong disseram na terça-feira que haveria cerca de 1.343 casos em Wuhan, número semelhante à projeção de 1.700 na semana passada no Imperial College de Londres. Ambas as estimativas são superiores aos números oficiais.

Mais brando que a Sars

Comparados com os da Sars, os sintomas desse novo vírus parecem ser menos agressivos, e os especialistas destacam que o balanço de mortos ainda é relativamente baixo.

Segundo as autoridades de Wuhan, 25 de mais de 200 pessoas infectadas na cidade se curaram. 

"É difícil comparar essa doença com a Sars", comentou Zhong Nanshan, um reputado cientista da Comissão Nacional de Saúde da China em uma coletiva de imprensa nesta semana. "É suave. O impacto no pulmão não é como a SRAS". 

No entanto, os cientistas ressaltam que o vírus ser suave também pode gerar alarde já que, com sintomas mais leves, as pessoas podem continuar viajando antes de detectarem a presença do vírus. 

Emergência de saúde pública internacional?

A OMS se reunirá nesta quarta-feira para decidir se o surto se trata de uma "emergência de saúde pública internacional". 

A agência usou essa denominação poucas vezes, como no caso do vírus H1N1, ou febre suína (2009); a epidemia do vírus do Ebola (2014-2016) e o vírus da Zika (2016).

O governo chinês deu ao surto a mesma classificação que a SRAS, o que comportará a quarentena obrigatória para os diagnosticados e uma possível instauração de restrições para viajar.

Precaução no mundo todo

Na Tailândia as autoridades decretaram controles de temperatura corporal obrigatórios para os passageiros procedentes de zonas de alto risco da China.

Medidas similares foram tomadas pelos governos de Hong Kong, onde centenas de pessoas morreram durante a epidemia da SRAS entre 2002 e 2003, e Estados Unidos, que está controlando os passageiros provenientes de Wuhan.

Taiwan emitiu um alerta para os passageiros que viajarem com origem ou destino da província chinesa onde se encontra o foco do problema. O Vietnã reforçou os controles terrestres com seu vizinho chinês.

Os Estados Unidos também ordenaram a triagem de passageiros que chegam em voos diretos ou de conexão a partir de Wuhan, inclusive nos aeroportos de Nova York, São Francisco e Los Angeles.

Na Europa, Grã-Bretanha e Itália disseram que introduzirão um monitoramento aprimorado dos voos a partir de Wuhan, enquanto a Romênia e a Rússia também estão reforçando os controles.

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