'Tudo indica' que Exército fuzilou carro de família no Rio por engano, diz delegado

Comando do Exército afirma que os militares flagraram a um assalto e responderam a uma 'injusta agressão'

Escrito por Redação ,
Legenda: Evaldo era músico e segurança. Ele estava no carro com a mulher, o filho de 7 anos, o sogro e uma amiga da família e morreu na hora após série de disparos do Exército
Foto: Reprodução Facebook

Um homem foi morto e dois ficaram feridos em uma ação do Exército na zona oeste do Rio de Janeiro, neste domingo (7). Os militares afirmam que foram alvos de tiros dos ocupantes do veículo que levava uma família, inclusive uma criança de 7 anos. O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio, afirmou, em entrevista à TV Globo, que "tudo indica" que os militares confundiram o carro com o de assaltantes. Militares e testemunhas do caso estão sendo ouvidos, nesta segunda (8).

De acordo com a perícia realizada pela Polícia Civil, o automóvel foi atingido por mais de 80 disparos. As cinco pessoas que estavam no carro iam para um chá de bebê: o músico Evaldo dos Santos Rosa, que foi morto; a esposa dele; o filho de 7 anos; o sogro, Sérgio Gonçalves, que está internado no Hospital Albert Schweitzer com quadro estável, e outra mulher.

A esposa de Evaldo, o filho e a amiga não se feriram. Um pedestre que passava no local ficou ferido ao tentar ajudar, mas ainda não há informações sobre seu estado de saúde. De acordo com o CML (Comando Militar do Leste), uma patrulha do Exército flagrou um assalto perto do piscinão de Deodoro, em Guadalupe, por volta das 14h40. Dois criminosos dentro de um veículo atiraram contra a equipe.

"Os militares responderam à injusta agressão. Como resultado, um dos assaltantes foi a óbito no local e o outro foi ferido, sendo socorrido e evacuado para o hospital. Um transeunte que passava pelas imediações foi ferido em decorrência da troca de tiros, tendo também sido socorrido e evacuado. Informações preliminares dão conta de que o cidadão inocente ferido está fora de perigo", diz a nota do CML. 

Amigos das vítimas negam a versão do Exército e afirmam que o carro da família foi confundido com o de assaltantes. Segundo testemunhas, a família estava em um carro branco da mesma cor que um veículo que passou momentos antes da ação. A mulher que estava dentro do carro disse por telefone á TV Globo que os militares não fizeram nenhuma sinalização antes de abrir fogo contra o veículo.

"Eu não vi onde foi o tiro, mas eu acho que foi nas costas. Só que a gente pensou que ele tinha desmaiado no volante [...] A gente saiu do carro, eu corri com a criança e ela também. A gente saiu do carro e mesmo assim eles continuaram atirando ".

Investigação

A Polícia Civil realizou a perícia no local porque os militares tiveram dificuldade em realizá-la, segundo o delegado, devido à revolta dos moradores que testemunharam o crime. Os envolvidos foram ouvidos em uma delegacia militar. Em entrevista à TV Globo, o delegado acredita haver indícios de que o Exército fuzilou o carro por engano.

"Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares".

Com informaçõe do G1 e da Folha Press