Rivais sobem tom contra Bolsonaro e Haddad em penúltimo debate
Um discurso recorrente entre os presidenciáveis foi o de que ambos representam extremos e devem ser rechaçados
Líderes nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) se tornaram alvo de adversários no debate na Record, neste domingo (30). O deputado se ausentou por estar em recuperação após sofrer uma facada durante a campanha. O debate foi o penúltimo antes do primeiro turno. O da Globo será na quinta-feira (4).
Ciro Gomes (PDT) pediu a Marina Silva (Rede) para comentar a "frase assustadora" do capitão reformado de que não aceitará "resultado diferente" do que sua eleição.
"O Bolsonaro tem uma atitude autoritária. Com essa frase, ele também desrespeita a Constituição, o jogo democrático. Não se pode entrar no jogo se for para você ganhar de qualquer jeito", disse Marina.
A ex-senadora seguiu, em recado ao PT: "Nós temos que enfrentar dois projetos autoritários. Aqueles saudosistas da ditadura e aqueles que fraudaram a eleição de 2014".
Um discurso recorrente entre os presidenciáveis foi o de que tanto Bolsonaro quanto Haddad representam extremos e devem ser rechaçados. Marina sustentou que "PT e Bolsonaro são cabos eleitorais um do outro".
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Em dobradinha com Henrique Meirelles (MDB), Ciro citou números de violência e da crise econômica para se voltar contra "essa onda que vulgarizou a barbárie". "O Bolsonaro interpreta isso, mas infelizmente o outro lado também aperfeiçoa."
Meirelles defendeu entendimento entre os brasileiros "para que não se caia nesse radicalismo" e afirmou que "o ódio não cria empregos, a vingança só cria destruição".
Na mesma toada, Geraldo Alckmin (PSDB) repisou discurso do horário eleitoral. Disse que "nem os radicais de esquerda, nem os radicais de direita" são a resposta agora.
Haddad precisou se explicar sobre a relação com Lula, que é padrinho de sua candidatura e está preso em Curitiba. O ex-prefeito defendeu os governos dele e o chamou de "o maior presidente da história do Brasil". Em resposta, Cabo Daciolo (Patriota) falou: "Lula é um grande líder que se corrompeu no caminho".
Ciro também pediu explicações de Haddad sobre a aliança dele com o senador Eunício Oliveira (MDB-CE) e políticos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff.
O petista minimizou o encontro. Segundo ele, a agenda em Fortaleza foi uma "visita ao presidente do Senado".
Haddad mudou o tom e desferiu seus primeiros ataques a Bolsonaro, antecipando um embate até então planejado apenas para o segundo turno.
Ele criticou a proposta do general Hamilton Mourão (PRTB), vice da chapa rival, de formular uma nova Constituição com a ajuda de uma comissão de notáveis.
Para o petista, o deputado propõe aprofundar a agenda de Michel Temer (MDB), é contra direitos e "fala em cortar o 13º, taxar os pobres".
O ex-prefeito teve ainda que responder sobre sua afirmação de que vai trabalhar para criar condições de redigir uma nova Constituição. Ele se defendeu dizendo ter compromisso com a democracia. "Repudio todos os governos autoritários, de direita e de esquerda", afirmou a Ciro.
Alvaro Dias (Podemos) também se voltou contra os candidatos do PT e do PSL, dizendo que há uma "marcha da insensatez" na campanha eleitoral e que "a mentira continua sendo uma arma poderosa na boca dos candidatos".
O senador ironizou ainda dois adversários que foram ministros de Lula. "Ciro e Haddad falam como se tivessem sido ministros da Dinamarca. Porque o que eles dizem que fizeram, eu não vi no Brasil".
Daciolo foi novamente responsável por momentos cômicos. Repetindo termos como "glória" e "em nome do senhor Jesus", o deputado "profetizou" que será eleito no primeiro turno, com 51% dos votos. Criticou "essa farsa toda que é o cenário político do nosso país" e disse que os rivais são "amiguinhos" e agem como se estivessem em um jogo.
Guilherme Boulos (PSOL) reagiu: "Eu não faço parte desse clube de amigos". O candidato usou a primeira chance de falar para elogiar os atos contra Bolsonaro que ocorreram pelo país no sábado (29). "Primeiramente, ele não", falou, ecoando o mote do movimento feminino. Para Boulos, as manifestantes deram "show de democracia e de coragem".
Oito dos 13 presidenciáveis compareceram. Bolsonaro se recupera do ataque que sofreu em 6 de setembro. O deputado deixou o hospital Albert Einstein, em São Paulo, no sábado (29), e foi para casa, no Rio. O capitão reformado disse que irá ao encontro da Globo, mas depende de liberação médica.
Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, de sexta-feira (28), Bolsonaro e Haddad lideram as intenções de voto. O deputado tem 28% das preferências e o ex-prefeito, 22%.