PF induziu Justiça a erro com a prisão de Joesley, diz advogado

Escrito por Folhapress ,

A Polícia Federal induziu a Justiça a erro com a prisão de Joesley Batista, sócio da JBS, na última sexta (9), segundo o advogado André Callegari, que cuida da defesa do empresário. "O delegado da PF fala em omissão, uma palavra forte, mas não cita qual foi a omissão. Não há omissão alguma. A prisão não tem fundamento. A colaboração da JBS é a mais consistente já feita no Brasil", diz Callegari. Joesley, o vice-governador de Minas Antonio Andrade (MDB) o ex-ministro Neri Gueller (PP-MT) foram presos por cinco dias na sexta-feira sob acusação de obstrução de Justiça e pagamento de suborno para ajudar a JBS no Ministério da Agricultura.

O advogado de Joesley diz que todos os fatos narrados no relatório da PF que resultou na prisão foram apresentados pelo próprio empresário. "Ele [o delegado] está usando as nossas provas contra os colaboradores da JBS", afirma Callegari. "Você acha que algum empresário vai querer fazer acordo depois disso? Isso gera muita insegurança jurídica".

O delegado Mario Veloso, responsável pela Operação Capitu, porque os colaboradores seriam dissimulados como a personagem de Machado de Assis, disse na sexta que a JBS havia omitido uma propina de R$250 mil a Gueller, que foi ministro da Agricultura de Dilma Rousseff (PT), mas o depoimento de Joesley sobre o suborno foi inclusive noticiado pela imprensa.

Todas as provas do inquérito da PF, segundo o advogado da JBS, foram entregues pela companhia. A PF disse que a Operação Capitu foi desencadeada a partir da delação do operador financeiro e doleiro Lucio Funaro, mas a defesa da JBS contesta essa informação. Callegari afirma que o acordo de delação da JBS narrou o suborno a integrantes do Ministério da Agricultura e do MDB em maio de 2017. O acordo de Funaro, que também fala dessa propina, foi apresentado três meses depois.

Segundo o advogado da JBS, Joesley e outros dois funcionários da companhia prestaram nove depoimentos ao delegado que os prendeu. Os funcionários são Ricardo Saud, ex-diretor, e Demilson Antonio de Castro, ex-contador da JBS. O delegado, ainda segundo a defesa da JBS, desrespeitou decisões do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Callegari conta que o magistrado da Suprema Corte já decidiu que eventuais omissões teriam que ser analisadas pelo Supremo, já que é essa corte que analisa se o acordo continua válido ou não por eventuais omissões.

O advogado de JBS diz que é "muito estranho" que as prisões tenham ocorrido num momento em que o Supremo analisa a validade do acordo de colaboração. "Esse delegado fez uma maldade num momento delicado. Foi um ato de deslealdade", frisa. Dois dois funcionários da JBS que foram presos nem tem problemas com o acordo de delação, como ocorre com Joesley e Saud, tudo de acordo com Callegari. É o caso de Florisvaldo Caetano de Oliveira, um ex-auxiliar de Saud que se entregou neste sábado à PF em São Paulo, e Demilton Antonio de Castro. Callegari diz que na última sexta-feira, 16, a Procuradoria Geral da República (PGR) emitiu uma certidão confirmando que as colaborações deles seguem válidas.

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