PF extradita para a Espanha terrorista de direita que trabalhava como motorista de app

Carlos García Juliá foi condenado em seu país a 193 anos por ter participado do Massacre de Atocha, em 1977

Escrito por Folhapress ,

A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira (6) a extradição do espanhol Carlos García Juliá, condenado em seu país a 193 anos por ter participado do Massacre de Atocha, em 1977. Juliá havia sido preso em São Paulo em dezembro de 2018, a pedido do governo da Espanha. Ele trabalhava como motorista de aplicativo na época e usava documentos com nome falso.

Em 24 de janeiro de 1977, García Juliá e outros três militantes de extrema direita invadiram com armas de fogo um escritório de advocacia e assassinaram três advogados comunistas, um estudante de direito e um funcionário. 

O Massacre de Atocha, em referência à rua Atocha, onde aconteceu o atentado, causou comoção na Espanha, que se encontrava em plena transição para a democracia e era abalada por ataques. Os fatos pesaram na decisão de legalizar o Partido Comunista alguns meses depois. 

Juliá foi preso e cumpriu 14 anos de sua sentença. Em 1991, obteve liberdade condicional e foi autorizado a viajar ao Paraguai, de onde fugiu. O espanhol teria passado ainda pela Argentina, pelo Chile e pela Bolívia. Neste último país, ele chegou a ser preso por tráfico de drogas, mas voltou a fugir durante uma condicional.

A PF afirmou que o espanhol vivia no Brasil ao menos desde 2001. Ele entrou por Pacaraima, em Roraima, com documentos falsos. Em 2009, ele fez um pedido para visto temporário, que não renovou dois anos depois, o que levantou suspeitas da PF.

A investigação sobre seu paradeiro começou em maio de 2018. Os agentes encontraram dois endereços registrados em seu nome, um deles na Barra Funda. Ele morava com uma brasileira, que não foi identificada. 

Em dezembro de 2018, a pedido das autoridades espanholas, a PF prendeu Julíá em São Paulo. A extradição, pedida pela Espanha, foi aprovada pelo Supremo Tribunal Federal em agosto. 

A Polícia Federal anunciou também a extradição do ítalo-britânico Mark Anthony Fisicaro, acusado de importar ecstasy para a Flórida. Ele foi preso no aeroporto de Guarulhos em abril de 2019, quando seguia para Londres.