O estilo de morar da Geração Z

A influência dos nascidos entre 1994 e 2009 no setor imobiliário.

Escrito por Redação ,
Legenda: Marcus Araújo: “A coisa mais importante para essa geração é o valor da taxa de condomínio".

Eles nasceram na era digital e não sabem o que significa o mundo sem internet, pois, desde pequenos, foram expostos às redes sociais e às tecnologias mobile. São os jovens da geração Z que, sucedidos pelos millennials (nascidos entre 1980 e 1994), influenciam e criam novas tendências de consumo, inclusive de moradia. O estilo de morar muda e desafia o setor imobiliário a inovar em produtos que atendam as demandas desse público, que já não tem mais o mesmo apego que as gerações anteriores.

Afinal, o que eles querem?

Os jovens da geração Z praticam novos valores em relação a produtos e serviços. De acordo com o estudo “True Gen: Generation Z and its implications for companies”, produzido pela McKinsey, eles valorizam princípios como a singularidade, ética, liberdade e a verdade, além da prática da economia compartilhada. De acordo com o estudo, a geração Z já representa 20% da população no Brasil e exerce grande influência em pessoas de todas as idades e faixas de renda, tanto na forma como as pessoas consomem, como no modo como se relacionam com as marcas. Por isso, o levantamento recomenda que as empresas devem estar atentas a três fatores: o consumo visto como acesso (e não como posse); o consumo como uma expressão da identidade individual; e o consumo baseado na ética.

Para o estatístico Marcus Araújo, presidente fundador da Datastore, empresa especializada em pesquisas para o setor imobiliário, é fundamental que as empresas tenham o conhecimento do novo perfil de consumo para obter um alto Valor Geral de Vendas (VGV), e rentabilidade do negócio.

“A coisa mais importante para essa geração é o valor da taxa de condomínio: a geração Z não está disposta a ficar escrava do condomínio como seus pais ficaram. Os novos produtos imobiliários têm que vir cheios de soluções no tamanho certo. O lazer agora está na internet, no celular ou fora de casa”, observa o especialista.

Facilidades

Com a mudança de perspectiva no estilo de viver e morar, um novo cenário de oportunidades se abre. Os bairros com as melhores localizações, moradia de clientes de luxo e grandes metragens, ganham empreendimentos com unidades de tamanhos reduzidos, chegando a menos de 20 m². “Alguém imaginaria que a expectativa por m² cairia pela metade nos últimos dez anos?”, indaga Marcus Araújo. “São apartamentos menores, porém bem resolvidos e práticos em termos de espaço, onde o morador coloca a sua identidade”, completa. “É um público que não pretende ter carro, quer trabalhar perto de casa e, para isso, utiliza o transporte público, bicicleta ou o Uber. Se trabalha em casa, utiliza o coworking do condomínio. Pede comida pelo aplicativo, utiliza a lavanderia coletiva do prédio e pratica ginástica na academia. Faz a sua vida girar em torno da sua casa”, afirma o executivo.

Legenda: Marcus Araújo: “A coisa mais importante para essa geração é o valor da taxa de condomínio".

A busca por produtos que priorizem a sustentabilidade econômica é a marca dessa geração. Marcus Araújo acredita que soluções como, placas fotovoltaicas que geram energia solar e reutilização da água das chuvas nos condomínios, serão bem vistas pelos consumidores. “O pet também é muito importante, porque faz parte da família e deve ser considerado no imóvel. E, do mesmo jeito que essa geração valoriza o pet, também valoriza o contato com a natureza e quer que as plantas sejam bem cuidadas”, aposta.

Para Marcus Araújo, por ser uma geração que abre mão da propriedade, morar de aluguel é a opção que mais combina com este público. “O grande negócio agora são locações curtas feitas por aplicativos, porque a vida é muito mutável. Você pode trocar de emprego, mudar de local, sem nenhuma complicação”, argumenta. Com ajuda das novas tecnologias, é necessário repensar como entregar valor aos consumidores e, sobretudo, ser coerente ao abordar o marketing e a ética. Essa tendência deve perdurar nos próximos anos. “Acredito que esse mercado deve continuar se consolidando. Porém, as empresas precisam continuar alertas e amparar-se em dados para tomar suas decisões”, arremata Marcus Araújo.

Entenda as gerações

Os chamados baby boomers (nascidos entre 1940 e 1959) viveram o pós-guerra e foram marcados pelo consumo como uma expressão de ideologia. Já a geração X (nascidos entre 1960 e 1979) se caracteriza pelo consumo de status, enquanto os millennials (nascidos entre 1980 e 1994) consomem experiências. No caso da geração Z, a motivação do consumo é a busca pela verdade, seja pessoal, seja coletiva. Os integrantes deste grupo sentem-se confortáveis em não ter uma única maneira de “ser quem são”. A busca por autenticidade resulta em mais liberdade de expressão e maior abertura para compreender diferenças individuais.

Fonte: Pesquisa: “True Gen: como a geração Z impactará as empresas de bens de consumo”